Quanto vale um voto?
Para o sedento de poder, não deve ser mensurado. Importa o ganho para si e sua
corte, que terão caminho livre para usurparem direitos e amealhar fortuna. E a
ética, onde fica? Quem compra voto, assim, como aquele que vende não a cultuam
nem a reconhecem como instituto próprio da cidadania, nem como marca da
decência e muito menos como emblema de uma coletividade. O que prevalece para
eles, no geral, é a manutenção do status
quo ou o desfrute da coisa pública para uso particular em detrimento do
coletivo. Assim, privilegiam a insolência, obscurecem a verdade e atentam
contra os dignos sentimentos que animam uma comunidade.
No reino do
enriquecimento fácil, oceano de ilicitude, o viver nababesco é o alvo dessa
gente abjeta e a corrupção o instrumento para alcançá-lo.
O comprador de voto
jamais respeitará a ética porque seus valores e princípios estão aquém da moral
e o que vende, muitas vezes, seduzido ou arbitrariamente conduzido a praticar
este sujo e despudorado comércio, não a enxerga, porque lhe é negado o luzir da
informação que aclara a ciência de seus direitos.
Esta luta desigual e
infame se processa na ribalta política, denominada de pleito eleitoral, onde a
consciência é posta em almoeda, tendo como protagonistas inescrupulosos
candidatos a cargos públicos, que acintosamente exibem todo o potencial de
manobra e de perspicácia que lhes são peculiares, porque contam com o
beneplácito da impunidade, e os eleitores, vítimas da vilanagem, principalmente
os iletrados e excluídos, que são, cuidadosamente, mantidos à distância do
conhecimento de seus inalienáveis direitos explícitos na Carta Constitucional
da Nação Brasileira.
O que esperar dos
políticos que compram um mandato no câmbio ilícito do mercado do voto? Nada,
simplesmente nada. Porque os que fazem uso desse expediente, jamais podem ser
considerados cultores da probidade e da ilibação.
Eles procedem dessa
forma, porque não têm compromissos com o país, nem com o estado, nem com o
município, nem com o povo. Desconhecem os preceitos da democracia e desprezam
os postulados cristãos. São figuras desqualificadas para o exercício da gestão
pública ou para a atividade parlamentar, tendo em vista que ultrajam com
ardileza a cidadania.
Entes ignóbeis que
afrontam a sociedade com métodos perniciosos e atitudes espurcas. No andar e
nas palavras, demonstram fios de solércia e laivo de indignidade.
Diante dessa tragédia
moral, a sociedade clama por uma enérgica ação dos poderes constituídos para
que seja extirpada esta chaga que tanto macula nossos brios e que os
responsáveis por tais desmandos, em nome da honra nacional, sejam exemplarmente
punidos.
Fortaleza, 7 de outubro
de 2008
Leonardo Pildas
Nota
Bene: Embora este artigo tenha sido escrito na data referida, a situação
continua a mesma. Infelizmente, nada mudou no cenário político nacional.