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30/07/2011

EDITORIAL DO DIARIO DO NORDESTE

EDUCAÇÃO PRECOCE
Renomados pedagogos e especialistas na psicologia infantil vêm atentando, através de reiteradas pesquisas, para a necessidade de que os processos de aprendizagem das crianças devam começar cada vez mais cedo, de preferência entre 3 e 5 anos de idade. Ao mesmo tempo, lamentam que essa comprovada evidência seja quase sempre ignorada no contexto das reformas educacionais procedidas em vários países.

Segundo alertam recentes estudos realizados na Universidade de Berkeley, nos Estados Unidos, está sendo desperdiçado um tempo precioso para o início do desenvolvimento de aptidões intelectuais e emocionais da criança, durante o qual ela teria mais efetivas oportunidades de compartilhar e aprender o mundo cujas nuanças começa a descobrir. Para os estudiosos do tema, esse novo procedimento já se deveria ter convertido em uma iniciativa abrangente de política educativa de caráter fundamental.

Em países como os Estados Uni dos e na vizinha Argentina, existem inúmeros especialistas no mencionado tipo de educação, embora atuando em caráter pontual e fora de um plano educacional capaz de integrar todas as etapas e áreas necessárias ao processo, o qual inclui em seu contexto até mesmo programas de saúde. Outro detalhe observado é que a política orientada para as crianças geralmente se concentra em relação às classes sociais menos favorecidas, sem atentar que os meninos de classe média, sobretudo nos países menos desenvolvidos, também precisam de uma ajuda substancial.

Nos Estados Unidos, inúmeros colégios ensinam a ler, escrever e desenvolver habilidades desde o chamado Jardim da Infância. Em paralelo, chama-se a atenção para o quanto é importante o papel a ser exercido pelos pais, ou responsáveis, nesse método especial de aprendizagem. Procedeu-se um estudo comparativo sobre a quantidade de palavras que se diz a uma criança desde que ela nasce até a idade d e quatro anos. Foram pesquisados integrantes da classe média, das classes C e D, e também famílias dependentes de assistência social, que equivaleriam, no Brasil, aos beneficiados pelo programa Bolsa Família. Constatou-se que a diferença de palavras ouvidas por uma criança de classe média e outra de família mais pobre, desde que nascem até a idade de 4 anos, chega até a vários milhares, o que restringe de modo sensível o vocabulário dos menos favorecidos. Ainda existe, como agravante, o nível das palavras que são ouvidas. Entre os mais aquinhoados, predominam vocábulos de disciplina e apoio. Em meio aos pobres, são bem mais proferidas palavras ásperas e de castigo, geralmente expressas em baixo calão. Tais diferenciações relativas aos ambientes familiar e social são difíceis de ser superadas e revelam-se marcantes, exatamente na fase em que a criança principia a assimilar suas noções a respeito do mundo e das pessoas, tornando indiscutível a impla ntação da nova estratégia de conduzi-la à escola cada vez mais cedo. Não haveria, por conseguinte, nenhuma razão para se alegar aumento de custos oficiais, ou outra restrição no gênero, quando notoriamente se sabe o quanto esse investimento tende a reverter em lucros e benefícios para toda a sociedade num futuro próximo.

Publicado em 30 de julho de 2011
Pauta: Davi
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