Ontem, em visita a um Centro Educacional para adolescentes com privação de liberdade, no decorrer das atividades recreativas que estavam sendo realizadas, conversamos com alguns deles e mais uma vez constatamos que também são vítimas de uma sociedade exclusivista e que os querem nestes recintos encarcerados.
Dentro da unidade existem atividades técnicas, voltadas para uma ressocialização. Trabalhos esses que envolvem profissionais das diversas áreas, tais como: social, psicologia, pedagogia e acompanhamento jurídico. Apesar de todos estes esforços, é muito difícil alcançar totalmente o objetivo, ou seja, a reinserção deles na sociedade, pois ao longo das suas vidas seus direitos civis foram negados e geralmente as suas histórias familiares são verdadeiras páginas policiais.
A violência urbana já se tornou uma guerra do asfalto. Até o presente momento só estamos enterrando sonhos de muitas pessoas, deixando também na orfandade crianças e adolescentes. Na ausência do poder público, cada dia a força do capitalismo se beneficia com a comercialização da droga, que já penetrou em todas as áreas da sociedade, contribuindo cada vez mais para o aumento da violência. A pergunta que faço é: QUEM ESTÁ LUCRANDO?
O triste episódio acontecido no Rio de Janeiro deve ser tomado como um alerta. Não adianta procurar saber quem vendeu as armas, e sim quais os motivos que levaram esse jovem a cometer tal barbaridade. Com certeza ele é mais uma vítima desse mundo do ter e da exclusão.Às vezes fico a perguntar que tipo de “árvore” estou plantando, se irá frutificar e quais os tipos de frutos. Uma resposta muito difícil, pois com todo meu zelo em exercer os meus deveres junto à coletividade, sei que é insuficiente, pois essa tarefa tem que ser tecida por todos.
Os municípios recebem recursos financeiros mensalmente para realizar trabalhos de prevenção junto à população em situação de risco social e de vulnerabilidade dos Centros de Referência da Assistência Social (CRAS), mas a grande questão é a gestão desses recursos. Só para exemplificar, em Coreaú existem dezesseis grupos do ProJovem Adolescente; a pergunta que faço: Quais os trabalhos que são desenvolvidos com essa clientela? O que está sendo realizado para atenuar o uso indiscriminado das drogas?
Constatamos que 30% dos adolescentes que se encontram nos Centros Educacionais de Fortaleza são oriundos do interior do Estado e boa parte é da Região Norte. A grande maioria dos atos infracionais cometidos são furtos e roubos, tendo como energia de ativação as drogas.
