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29/04/2011

40° CONCURSO INTERNACIONAL DE REDAÇÃO DE CARTAS


EEM FLORA DE QUEIROZ TELES
TEXTO SELECIONADO – 1ª FASE

Autor (a): Francisco Erick Tabosa Lima
2º ano “C” - TARDE

O LAMENTO DO IBIRAPITANGA


Apelo de uma filha de Gaia

Caro Senhor,

Não leve em consideração o que vos direi, pois são relatos que em nenhum caso se deseja levar desconforto para quem vos ouve. Sou um centenário Tauari, não me vanglorio por minha beleza ou nem me atrevo a me classificar como o maior prejudicado. Apenas busco, por intermédio desta carta, oculto em minha selva, o conforto que me falta.
Então vos digo que nem sempre foi assim. Antes, enquanto ainda não passava de um insignificante broto, minha floresta reluzia esplendor e glória. Cada uma de minhas irmãs que se faziam presentes, eram as mais belas e magníficas filhas que poderiam existir. Todas elas viviam em um verdadeiro bálsamo de harmonia, que por sinal era comum entre todos o maior respeito. Desconhecia-se qualquer ambição ou inveja. Não se temia algo que mais tarde viríamos a chamar de “morte”. Todos os que partiam se tornavam fonte de energia para novos filhos, que germinavam entre os remanescentes de sua espécie. Os rios que encantavam com suas cores, às vezes verdes, às vezes azuis ou acinzentadas, abrigavam os mais variados tipos de vida. Neles viviam seres maravilhosos, dos quais pouco ou nada se conhecia. O que falar então das chuvas?! Chuvinhas gostosas que quando batiam em nossas folhas compunham uma das mais belas trilhas sonoras da natureza. Enfim, cada um, da folhagem ao igarapé , da sombra do Tauari ao sossego peculiar do travesso boto cor-de-rosa, todos sem exceção, aproveitavam da tranquilidade que vos digo.
Um dia porém, enquanto desfrutava dos raios solares que banhavam minha copa, vi chegar por entre a mata, um grupo de animais estranhos, andavam sobre dois pés, e me pareciam primatas. Por muito tempo, observei as intrigantes figuras que ali estavam. Pareciam espantadas conosco! Tocavam-nos, cheiravam e conversavam aparentemente a nosso respeito. Até que um deles, repentinamente, executou um forte golpe em uma de minhas irmãs, derrubando-a. Naquele momento, a floresta silenciou-se. Os pássaros cessaram o canto, os micos acalmaram-se. A partir daquele dia, nosso lar não foi mais o mesmo. Os seres que são nossos irmãos passaram a nos destruir, e a tudo o mais, em nome da riqueza e do lucro.
Logo a garoa que antes encantava, começou a mudar . Agora caem contaminadas gotas de estranhas substâncias corrosivas. Enquanto isso, os rios e lagos vão se enchendo de óleo, lixo e de outras sujeiras. Tudo bem que em nosso planeta ocorrem outros fenômenos violentos, como tempestades e erupções vulcânicas. Mas os vulcões, depois de extintos, deixam um solo fértil onde a vida ressurge. As tempestades causam muita destruição , mas deixam nos céus os mais lindos arco-íris.
Creio que nos últimos anos sofremos muito, alguns sofrimentos menores, como o lixo jogado em lugares impróprios, ou quando uma flor é arrancada inutilmente. Mas existem sofrimentos maiores: se queimam meu lar, por exemplo, me abalo profundamente, pois é o desaparecimento de muitas vidas queridas.
Entretanto, não podemos pensar que tudo que fazem é ruim . A mesma criatura que provoca a morte de animais e a poluição dos mares, a mesma criatura que destrói a natureza é a que a admira.
Então, digníssimo irmão a quem intitulo de senhor: por que viver em guerra ? Por que lutar contra aquilo que o faz existir ? Gaia não está aqui para defendê-los. Claro que queria seus filhos mais gentis, já que às vezes são como a chuva, outras como os terremotos.
Enfim, insisto em pedir-te que não permita minha morte. A minha e de todas as outras árvores que restam a esta floresta . Rogo-lhe que deixe de lado o poder, e pense em nossa origem. Afinal, temos por mãe Gaia e se vivermos em conflito, prejudicaremos a nós e a tudo o que existe.



Da Floresta Amazônica, sua irmã para alguém humano.
 

 
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