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01/03/2015

CRÔNICA: UM RIO QUE CHORA



Vi Coreaú nascer, crescer e tornar-se aos poucos uma bela cidade. No início eu era importante, todos me procuravam e me faziam companhia.
Emocionei-me e chorei ao ver as lavandeiras usando minhas águas correntes para a lavagem de suas roupas nas pedras do sucarrão aos sábados. Chorei ao presenciar os pescadores buscando no peixe existente em minhas águas, o alimento do dia. Chorei muitas vezes quando via crianças, adolescentes e adultos buscando no meu leito um meio de diversão e lazer, nas descidas por minhas correntezas através das câmaras de ar, das brincadeiras e competições feitas dentro de meus domínios, dos saltos nas ingazeiras e mutambeiras, dos jogos em minhas margens.
Hoje estou só, abandonado, como um velho, sem parentes e sem amigos. Estou poluído, invadido, seco e devastado. Não há um projeto que me torne perene e muito menos uma iniciativa governamental que revitalize as minhas margens. Logo eu que inspirei o nome desta maravilhosa cidade. Falta aos seus moradores uma consciência acerca da minha preservação, para que eu não caia no esquecimento para as futuras gerações.
Vi crescer a Várzea Grande e presenciei a passagem de viajantes por minhas margens, levando as deliciosas palmas em seus comboios. Hoje, já não escuto o canto dos curiós em meu leito.
Mas não me desanimo, na certeza de que só o tempo é capaz de entender UM RIO QUE CHORA.

AUTOR: JOSÉ MÁRIO MOREIRA
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