Vi Coreaú nascer, crescer e
tornar-se aos poucos uma bela cidade. No início eu era importante, todos me
procuravam e me faziam companhia.
Emocionei-me e chorei ao ver as
lavandeiras usando minhas águas correntes para a lavagem de suas roupas nas
pedras do sucarrão aos sábados. Chorei ao presenciar os pescadores buscando no
peixe existente em minhas águas, o alimento do dia. Chorei muitas vezes quando via
crianças, adolescentes e adultos buscando no meu leito um meio de diversão e
lazer, nas descidas por minhas correntezas através das câmaras de ar, das
brincadeiras e competições feitas dentro de meus domínios, dos saltos nas ingazeiras
e mutambeiras, dos jogos em minhas margens.
Hoje estou só, abandonado, como
um velho, sem parentes e sem amigos. Estou poluído, invadido, seco e devastado.
Não há um projeto que me torne perene e muito menos uma iniciativa
governamental que revitalize as minhas margens. Logo eu que inspirei o nome
desta maravilhosa cidade. Falta aos seus moradores uma consciência acerca da
minha preservação, para que eu não caia no esquecimento para as futuras
gerações.
Vi crescer a Várzea Grande e
presenciei a passagem de viajantes por minhas margens, levando as deliciosas
palmas em seus comboios. Hoje, já não escuto o canto dos curiós em meu leito.