(Foto: Filippo Monteforte/AP) |
Ao lado do patriarca dos ortodoxos, Bartolomeu I, o papa
Francisco pediu neste domingo (30) o "restabelecimento da plena
comunhão" entre católicos e ortodoxos - que estão separados há mais de
mil anos. Segundo Jorge Bergoglio, essa união "não significa submissão
de um ao outro, nem absorção, mas o acolhimento de todos os dons que
Deus deu a cada um para manifestar ao mundo inteiro o grande mistério da salvação".
"Quero assegurar a todos vocês, para atingir a meta de plena unidade,
a Igreja Católica não pretende impor nenhuma exigência além daquela da
profissão de uma fé comum", afirmou o Pontífice durante a "divina
liturgia" da festa de Santa Andreia em Istambul, onde encerra hoje sua
visita à Turquia.
Ele ressaltou que "estamos prontos para buscar
juntos, à luz dos ensinamentos das Escrituras e da experiência do
primeiro milênio, a modalidade com a qual haverá a necessária união
entre as igrejas nas circunstâncias atuais". De acordo com o sucessor de
Bento XVI, "a única coisa que a Igreja Católica deseja e eu busco como
Bispo de Roma, é a comunhão com as Igrejas Ortodoxas".
As duas igrejas se separaram em 1054, quando os católicos quiseram impor a submissão ao Papa para os ortodoxos.
Atualmente,
a sede da Igreja Ortodoxa é em Istambul e seu líder é o patriarca
Bartolomeu I. São cerca de 300 milhões de ortodoxos no mundo contra mais
de um bilhão de católicos.
Ainda na celebração deste domingo, Bergoglio afirmou que há "muitas mulheres
e há muitos homens que sofrem" pela falta de comida, de emprego e pela
alta exclusão social. Por isso, "como cristãos, somos chamados a lutar
juntos nessa globalização da indiferença que hoje parece ter a
supremacia" e que essa união "deve criar uma sociedade no amor e na
solidariedade".
O Pontífice ainda reforçou seus
pedidos para que a perseguição contra os cristãos no Oriente Médio tenha
fim, "pois não podemos aceitar um Oriente Médio sem cristãos, que ali
professam a fé em Jesus há mais de dois mil anos".
Após a
celebração, o Papa ainda leu uma declaração conjunta, firmada entre ele e
Bartolomeu I sobre a unificação das duas religiões. "Demonstramos nossa
sincera e forte intenção, em obediência à vontade de nosso Senhor Jesus
Cristo, de intensificar os nossos esforços para a promoção da plena
unidade entre todos os cristãos e, sobretudo, entre católicos e
ortodoxos. Queremos ainda sustentar o debate teológico promovido pela
Comissão Mista Internacional, que foi criada há 35 anos pelo patriarca
ecumênico Dimitrius e o papa João Paulo II aqui no Fanar, e que está
debatendo, atualmente, as questões mais difíceis que marcaram a história
da nossa divisão e que pedem um estudo atento e aprofundado", informou
Francisco.
Jornal do Brasil
http://www.jb.com.br/internacional/noticias/2014/11/30/apos-mil-anos-papa-quer-unir-catolicos-e-ortodoxos/