Mantidas as regras atuais de reajuste, o poder de compra do salário
mínimo terá no próximo governo o menor avanço desde o Plano Real.
Como os aumentos acima da inflação são vinculados ao crescimento
anterior da economia, o ganho médio anual do mínimo deverá ficar na
faixa de 1% a 2% entre 2015 e 2018.
A piora da economia já levou a média a cair de 5,5% anuais, nos dois
mandatos de Lula, para os 2,9% de Dilma. A queda ameaça o processo de
redução da desigualdade entre ricos e pobres.
A cada 1º de janeiro, o piso salarial sobe conforme a variação da
inflação dos 12 meses anteriores mais o crescimento do PIB (Produto
Interno Bruto, medida da renda nacional) de dois anos antes.
O ganho real de 2015 já está definido: são os 2,49% de avanço
econômico em 2013. Esse pode ser o maior reajuste do próximo governo.
Neste ano, o PIB deverá ficar estagnado: as projeções mais recentes
dos especialistas estão em torno de 0,33%, e as estimativas têm caído a
cada semana.
O cenário não é muito mais animador para o início do próximo governo,
que poderá ser obrigado a elevar os juros e cortar gastos para conter a
inflação e o aumento da dívida pública. As previsões para o PIB estão
na casa de 1%.
Mesmo que a economia se recupere em 2016, como uma expansão de, por
exemplo, 4%, o reajuste médio ao longo do próximo mandato não
ultrapassará 1,96%.
E dificilmente a regra atual, que só vale até 2015, será mudada para
permitir ganhos maiores. Os programas vinculados ao salário mínimo
representam quase metade do gasto federal (excluindo da conta os juros
da dívida), que provavelmente terão de ser contidos.
Folha de São Paulo
http://dinheiropublico.blogfolha.uol.com.br/2014/09/21/com-regra-atual-reajuste-do-salario-minimo-desabara-no-proximo-governo/