Modelos vestem calcinha 'antiestupro', feito de malha resistente a tesouras |
Trata-se de uma calcinha. O protótipo da peça, feita de um tecido
altamente resistente, cuja trama não pode ser rompida por lâminas e
tesouras, inclui uma espécie de cadeado acoplado à cintura.
A roupa íntima dispensa chaves, mas só pode ser retirada do corpo pela
própria usuária, por meio de um segredo que precisa ser memorizado. Se a
dona esquecê-lo, pode ficar em apuros quando precisar ir ao banheiro.
A linha inclui itens de vestuário esportivo e modelos com design que
lembra calcinhas comuns. A ideia é dificultar o crime e dar mais tempo
para a chegada de socorro.
Chamado de AR Wear (as iniciais são para 'antiestupro' em inglês), o
protótipo foi apresentado no Indiegogo, site que lista negócios
empreendedores em busca de financiamento coletivo.
Já levantou mais de US$ 40 mil (R$ 92 mil) e dezenas de críticas de feministas na mídia local.
Segundo os idealizadores, os recursos serão investidos em produção e
tecnologia. Os primeiros modelos devem ficar prontos em julho.
O texto de apresentação do projeto diz que a peça transmite ao
estuprador a "mensagem clara de que a mulher não está consentindo". Mas
esse conceito desagradou a feministas, que afirmam que os fundadores da
ideia "sugerem que a mulher é parcialmente responsável, por não recusar o
ato com clareza".
"Estupradores sabem o que não é consentido. O homem não é burro a ponto
de não entender quando a mulher não quer", afirmou a feminista Louise
Pennington em artigo no "Huffington Post".
A AR Wear responde que não pretende atribuir à mulher a responsabilidade
de evitar o crime. "O único responsável pelo estupro é o estuprador. O
produto só oferece mais uma ferramenta de defesa."
O item é recomendado em situações como festas, em que a mulher pode se
tornar vulnerável por embriaguez, e viagens a países desconhecidos.
Evitando emitir sugestões sobre como a vítima deve proceder se o
agressor estiver armado, a AR Wear diz estar ciente de que sua ideia não
será capaz de atingir uma solução universal para o problema.
Folha de São Paulo