Nos embalos de sábado à noite, na velha Discoteca do Lalau, Riobaldo
conheceu Diadorim. Escorada num canto do salão estreito, desconfiada, de
camisa à moda masculina – última tendência da época –, a moça aceitou
sem entusiasmo o convite para dançar.
Morena trigueira, na flor da idade, Diadorim não resistiu à cerveja que
Riobaldo lhe oferecera. Um gole, dois goles, três goles... Finalmente
começou a se animar. E a agravar sua repugnância pelo parceiro.
Pensou em largá-lo no meio do salão. Não fora a promessa de novas
cervejas, o teria abandonado e convidado Matilde para dançar. Estava de
olho nela desde que a festa começara. Pena que um dançarino exibido
estragara seu planos, tirando antes Matilde para dançar. Contrariada,
aceitou o pedido de Riobaldo.
No intervalo, foram ao bar em frente para tomar novas cervejas. Depois,
voltaram para a música lenta. No salão escuro, tentava se esquivar das
carícias de Riobaldo, da sua boca insistente, do seu abraço apertado...
Matilde tinha ido embora de mãos dadas. A festa caminhava para o fim.
Diadorim desejava mais cerveja e, sem dinheiro, não resistiu a mais um
convite de Riobaldo. Iriam a Moraújo. Havia outra festa por lá. A meio
caminho, porém, perdida a conta das cervejas, Riobaldo resolveu parar
sua motocicleta numa moita próxima à pista. Sussurrando galanteios ao pé
do ouvido de Diadorim, tentou agarrá-la apressado, mas foi repelido
bruscamente.
Estranhando a rispidez da recusa, Riobaldo quis saber o que havia com a parceira.
Depois de meio minuto de reflexão, Diadorim, enfim, respondeu:
– Olha, camarada, eu não sou mulher para homem, não!
– Mas como assim? Qual o problema? Insistiu o já aflito Riobaldo.
– É que, da fruta que tu gosta, rapaz, eu chupo até o caroço!
Do Blog Diário de um Navegante do Amigo Chico Eliton