Ao comentar sobre a nova gestão e o que
se espera da prefeita eleita de Coreaú, muitos pais e jovens destacam a
necessidade, urgente, da criação de empregos, que evitaria a migração de muitos
dos nossos conterrâneos para os grandes centros urbanos.
Quando
perguntamos que tipos de empregos a nova gestão pode incentivar e gerar em
Coreaú? A resposta apresenta-se quase de forma unanime: “TRAZER UMA INDÚSTRIA”,
seja ela qual for (calçados, têxtil, moveis, etc). Espero estar enganado, mas
um desejo e um sonho distante. Para que uma indústria de pequeno a médio porte
venha a se estalar em nosso município precisaria de um incentivo fiscal
considerável, ou, a não se que venha, apenas, com uma visão social e com um
único objetivo: A geração de emprego (condição essa que não representa o
interesse primordial de um industrial).
Para muitas empresas torna-se mais
viável sua instalação em cidades polos como Sobral ou Tianguá. Mas o que nos
restar? O que esperar?
Coreaú estar, privilegiadamente, instalado
em um vale com grandes potenciais para geração de emprego e renda. Se pararmos
para pensar, temos um enorme potencial hídrico, dois grandes reservatórios
(açudes Angicos e Diamantes) e um rio perene (juazeiro) que ainda estão
subutilizados.
Quando andamos na feira de nosso
município, afirmo sem medo de errar, que 97% (ou mais) das frutas, verduras,
legumes e hortaliças são derivadas de outras cidades. A partir dai faço a
seguinte pergunta: Temos água, temos terra, temos mão de obra ociosa. ENTÃO, O
QUE ESTAR FALTADO?
Um dos maiores polos de fruticultura
irrigada do Brasil (Petrolina/PE) tem um clima mais árido e seco que o nosso,
com baixa precipitação pluviométrica, com um solo rochoso e sem vida, mas que a
partir da boa vontade, um pouco de ousadia e um olhar fixo no futuro,
transformou o que antes eram obstáculos em um oásis no sertão. E porque não
tentar e ousar em nosso município?
Podemos aproveitar o potencial do rio Juazeiro, dos açudes Angicos e Diamantes para desenvolver a fruticultura
irrigada e a piscicultura. Tenho certeza que essa transformação não acontece da
noite para o dia, mas o primeiro passo precisa ser dado. Petrolina/PE iniciou a
implantação dos primeiros lotes de fruticultura irrigada entre meados das
décadas de 60 e 70.
Infelizmente, ao comentar com muitos
estudantes da zona rural ou dos distritos de Coreaú sobre a importância de se
especializar nas áreas das ciências agrarias, muitos fazem a mesma afirmação:
“Meus avós e meus pais não ganharam dinheiro com a agricultura e nem com a
pecuária”. Triste pensamento, mas é verdade. As formas atuais de trabalhar com
a terra nos levar a acreditar na falsa afirmação. “Que a vida no campo é
sinônimo de pobreza, de miséria, de vida sofrida!” É triste que muitos pensem
assim.
Apesar da seca que vem assolando o
Nordeste brasileiro, nosso rio Juazeiro continua escorrendo para o mar, os
açudes Angicos e Diamantes estão com suas águas paradas servindo apenas para
refletir estrelas, enquanto nossos conterrâneos migram para outras terras atrás
de uma vida melhor.
Segundo Batista de Lima em seu texto
publicado no Jornal Diário do Nordeste, caderno 3, no dia 23 de outubro de
2012. “O êxodo do campo para a cidade
não é mais por causa da seca, mas principalmente por falta de perspectivas,
diante das incertezas que o interior ainda prescreve para os nativos. As
estradas asfaltadas não estão escoando produção, porque ela não existe. Essas
estradas são artérias abertas por onde sangra a mão-de-obra barata para as
cidades”.
Deixo
o seguinte questionamento: Temos água, temos terra, temos mão de obra ociosa.
ENTÃO, O QUE ESTAR FALTADO?
Francisco
Messias
Zootecnista.
Mestre em Ciência Animal
Professor
do IFCE