Por Mauro Santayana
Publicado em 19/07/2012
Admitamos
o estopim curto da Chefe de Estado. Mas seu discurso em Salvador, sobre
a diferença entre o comportamento do governo brasileiro diante da crise
econômica mundial e o comportamento dos assim chamados “paises ricos”,
merece ser meditado com todo o respeito. Dilma revela sua pressa no
combate às desigualdades sociais em nosso país, e isso pode explicar seu
temperamento. Os últimos anos trouxeram redução, muito pequena, ainda,
na diferença entre os ricos e os pobres. Essa redução se deve à ação do
Estado, em sua política compensatória, que se refletiu no aumento da
demanda de bens de consumo necessário, e, em conseqüência, do aumento da
atividade econômica virtuosa.
A
crise mundial, neste tempo de globalização neoliberal, e do primado das
finanças sobre a produção, não poupa ninguém. Teremos que fazer opções,
e opções graves. Tancredo costumava dizer que o governante é obrigado a
fazer escolhas difíceis, a cada minuto. Terá que escolher entre
construir a ponte e escola; entre o estádio de futebol e o hospital,
entre a estrada e o laboratório de pesquisas, entre contratar
professores ou policiais. Hoje, os governantes estão pendentes do PIB.
Mas, o que é mesmo o PIB? O objetivo do homem não é apenas o de
produzir, mas o de produzir para viver bem.
Dilma
afirmou que sua preocupação não é com o PIB, mas, sim, com as crianças
brasileiras. É preciso mudar o índice do PIB, por alguma coisa como FIB –
Felicidade Interna Bruta. A astúcia do capitalismo é a de transformar
os seres humanos em alucinados pelos automóveis de luxo, pelas roupas de
grife, pelo mundo colorido das chamadas celebridades.
A
presidente afirmou que o Brasil, para enfrentar a crise, não vai usar
os mesmos métodos dos países europeus, que entregaram seu destino aos
banqueiros e, em razão disso, castigam os trabalhadores.
Os
grandes bancos, conforme denunciou The Economist, se transformaram em
gangues de assaltantes. Não estão sujeitos a qualquer fiscalização, e
decidem o quanto devem saquear do mundo do trabalho, como, sob a
liderança do Barclays, fizeram ao manipular a taxa Libor. Em todos os
países europeus, os cortes orçamentários atingem o ensino, a segurança
dos cidadãos, os empregos, a saúde pública.
Contra a crise, é preciso voltar ao estado de bem-estar social.
Contra a crise, é preciso voltar ao estado de bem-estar social.
Pauta de Eliton Meneses