A
proposta do governo uruguaio de estatizar a venda de maconha já
preocupa autoridades do lado brasileiro da fronteira. O projeto foi
divulgado anteontem pelo governo de José Mujica como parte de um pacote
de 16 ações de segurança pública e depende de aprovação do parlamento
uruguaio. Mas já repercutiu em cidades como Chuí, Santana do Livramento
e Quaraí, no Rio Grande do Sul, separadas das uruguaias Chuy, Rivera e
Artigas por apenas uma rua.
Em Santana do Livramento, município mais populoso da região, com 82 mil
habitantes, o assunto pautou as rodas de conversa durante a fria e
cinzenta quinta-feira. Acostumados à chegada de ônibus de excursão
lotados de turistas mobilizados pelas compras nos free shops existentes
em Rivera, os santanenses imaginam, em tom de piada, que no futuro
receberão também "Cannabis tour", de visitantes interessados em
consumir a droga no lado uruguaio da fronteira.
Apesar da brincadeira e de restrições como venda controlada, limitada a
40 cigarros por mês exclusivamente para uruguaios, a mudança na
legislação uruguaia pode repercutir no lado brasileiro, onde vivem
muitas pessoas com dupla cidadania. "Em tese, um comprador regularizado
pode revender parte de seus cigarros a terceiros", comenta o delegado
da Polícia Federal Alessandro Maciel Lopes. "Mas tudo depende de como o
Uruguai vai operacionalizar a produção, o comércio e o controle, algo
que ainda não sabemos." As informações são do jornal O Estado de S.Paulo.