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30/05/2012

POR QUE O USO DE DROGAS ENTORPECENTES NÃO MAIS SERÁ CRIME


Num passado recente, a cultura jurídica no combate às drogas apresentava uma visão de holofote, cuja característica principal era um modelo repressivo-punitivo adotado pelo Estado, visando afastar do meio social, por meio da segregação (pena, castigo), o elemento criminoso, no caso, o usuário.
Sucede que esse modelo resultou falido, tendo sido substituído por outro que privilegiou a aplicação de medidas de prevenção, com potencial restaurativo. Hoje, com grande grau de coerência e racionalidade, compreende-se que o problema das drogas é comum, cujo combate exige uma responsabilidade compartilhada, um engajamento de todos para reinserir o usuário num ambiente produtivo. Isso ficou evidente após o surgimento de algumas Leis, principalmente com o advento da lei 11.343/2006 (Nova Lei de Drogas).
As drogas, em suas mais diversas classificações (depressoras, estimulantes ou perturbadoras da atividade mental), geram, sem dúvida, no organismo humano efeitos agudos e crônicos, os quais, a depender do contexto em que vive o usuário, evidentemente, terão maior ou menor grau de repercussão no seu sistema nervoso central.
Isso significa dizer que o contato que uma pessoa mantém com a droga psicoativa poderá, num dado momento, ser a ela inofensivo, no entanto, em outro, acarretar desde as mais simples conseqüências às mais complexas, tais como problemas de cunho biológico, psicológico e até social, sendo extremamente importante se fazer um diagnóstico visando à obtenção de uma definição mais criteriosa acerca dos transtornos relacionados ela.
A família exerce um importante papel no acompanhamento do uso e abuso de drogas, juntamente com as redes sociais. No âmbito familiar, a criança e o adolescente passam a construir a sua personalidade, definindo-a a partir da interação com outros grupos. As redes sociais também desempenham papel relevante, mormente na prevenção ao uso de drogas, pois promovem ações educacionais, culturais, esportivas, dentro da comunidade, em prol de uma vida mais digna das crianças e dos jovens ali contextualizados.
A Epidemiologia tem sido, nas últimas décadas aqui no Brasil, empregada para mostrar, com dados estatísticos, a situação sobre o uso de drogas, especialmente o álcool e o tabaco, sem se desvencilhar de informações sobre outros entorpecentes, tanto na população geral quanto entre estudantes e jovens de rua, servindo, assim, de fonte para que ações permanentes de prevenção e intervenção sejam implementadas pelas autoridades competentes.
Interessante ressaltar uma das drogas mais consumidas pelas pessoas de baixa renda no Brasil, no caso, o crack, (que deriva da cocaína), cujo crescente consumo tem se evidenciado, em especial pela população infanto-juvenil em situação de rua, em praticamente todo território nacional, e tem se transformando para os órgãos de saúde pública como um sério problema a ser discutido e avaliado, a partir de uma visão multidisciplinar, posto que os efeitos catastróficos da sobredita droga afiguram-se, na maioria dos casos, como responsáveis por várias mazelas, que vão desde a destruição da vida pessoal dos dependentes até sua negativa interferência no seio da sociedade.  
Recentemente, um tratamento mais rápido, denominado de Intervenção Breve (IB), tem servido para certos casos menos gravosos de dependência às drogas, como medida exitosa, principalmente a entrevista motivacional, que se fundamenta em proporcionar ao usuário mudanças de hábitos, como uma espécie de ponto de partida que o levará a um ponto de chegada, que será o processo de mudança, o qual, por seu turno, visa distanciá-lo cada vez mais do vício e, gradativamente, afastá-lo em definitivo do submundo das drogas.

FERNANDO MACHADO ALBUQUERQUE
Professor e Técnico Judiciário

Obs.: Este texto foi produzido a partir da minha conclusão ao Curso de Integração de Competências no Desempenho da Atividade Judiciária com Usuários e Dependentes de Drogas, que foi promovido pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ) em convênio com o Tribunal de Justiça do Ceará, nesse início de 2012.
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