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02/04/2012

TEXTO LIDO NA MISSA SÉTIMO DIA NA IGREJA DO PEQUENO GRANDE


Data:26/03/2012

Hoje completa exatamente sete dias da partida de nossa Mãe Iolanda, e neste ato religioso católico que ela professava com muita fé, estamos compartilhando com orações na esperança de que ela esteja aonde merece: no lugar dos justos e piedosos junto com os que crêem e, como ela, acreditam.
Estamos todos, filhos, Noras, genros, netos, bisnetos, sobrinhos, demais familiares, amigos, todos saudosos, mas não tristes.
Sim, porque a tristeza não é cabível neste momento já que Mamãe viveu de forma plena e saudável 92 anos e quatro meses. E é a tristeza conseqüência do infortúnio, episódio que nunca atingiu de forma mais grave nossa mãe apesar de sua vida longa, pelo contrário, permitiu-a constituir uma família numerosa embasada na dignidade, junto com o seu companheiro com quem viveu por mais de sessenta anos, Deusdedit Gomes Fontenele, nosso pai.
Portanto, reitero: saudosos estamos e estaremos, para sempre, mas não tristes, pois não seria este sentimento que ela desejaria neste momento, sabedora que era ser a morte o final inexorável da existência física, já que somos humanos e finitos enquanto matéria.
Tenho convicção de que Mamãe morreu feliz, pois constituiu aquilo que mais desejava: uma família decente, humilde, mas nunca submissa, sentimento por ela despossuído, já que ela transmitia ao invés, a altivez sem arrogância, comportamento muito próprio das pessoas conhecedoras e possuidoras das qualidades humanas, pois somos todos os humanos, falíveis mas capazes de atos e atitudes virtuosas, qualidade esta da qual ela era rica.
O sentimento já declinado da saudade repassa muitas lembranças de atos e ensinamentos simples, mas inesquecíveis, transmitidos pela repreensão com carinho, pelo compromisso com o estudo e o saber, com a disciplina e com o respeito a todas as pessoas humanas independentemente de qualquer condição de gênero, raça, poder e idade.
No meu cinema de vida, não posso esquecer e nunca esqueci, nem esquecerei, mesmo no período de fervores ideológicos divergentes, sua fé a meu favor, através do pagamento de uma promessa relacionada a uma doença da qual fui curado, quando tinha tenra idade, e que ela atribuía a São Francisco de Assis do Trapiá, hoje Ubauna lá nos confins de Coreaú. A promessa consistia em realizar o trajeto a pé entre Coreaú e Ubauna, método muito comum aos crentes de origem judaico-cristãs.
Saímos em caminhada eu, ela e o Gonzaga um querido agregado e serviçal da família, que alem de nos proteger, conduzia o jumento com os mantimentos e que vez por outra também me conduzia em seu lombo. Saímos antes de o sol nascer. Chegamos ao destino por volta das dez horas da manhã. Foi o Papai buscar-nos na parte da tarde numa motocicleta de sua propriedade.
São atos singelos, muito nordestinos do qual as mães são capazes e que pela sua fé e formação religiosa, aliados ao carinho e querer bem ficam na saudade e reconhecimento indeléveis.
No conceito familiar era ela muito exigente: tínhamos o dia certo da visita ao Vovô Leopoldo e sua madrasta Quina (mamãe perdeu sua mãe Iduina no parto de um de seus doze irmãos, daí resulta uma saga vitoriosa de todas elas e eles) e ao Vovô Batista e Vovó Quintina, alem dos cumprimentos dos deveres religiosos, das tarefas escolares, alimentares, higiênicas e comportamentais.
Como esquecer a ida ao sítio Buriti, na Serra da Ibiapaba, no período da moagem. Energia elétrica não existia. Mas era tudo muito agradável. Inclusive o frio serrano. Éramos orientados a não matar ou maltratar pássaros ou qualquer outro bicho. Foram minhas primeiras bases de consciência ecológica, quando ainda nem se falava esta palavra.
Estas e muitas outras são as imagens do cinema metafórico vivenciado e impregnado em minha mente, ainda com mais alegria pela sua sempre alegre presença e hoje lembrança.
Pois é, a partida definitiva de mamãe deixa um impreenchível vazio, mas desculpem-me, deixou minha mãe uma saudade gostosa para todos nós descendentes diretos e pessoas outras que a conheceram e com ela conviveram.
Tinha ela uma austeridade doce que estará para sempre em nossas lembranças como guardiã de nossos princípios e de nossa felicidade e simplicidade, atributos absolutamente compatíveis com os virtuosos e vitoriosos iguais a ela, na constante busca da felicidade.
Por último reitero em nome de toda a família os agradecimentos pela solidariedade de todos vocês.

Galba Gomes
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