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08/03/2012

O HOMEM QUE VIRA PEIXE EM COREAÚ

Chiquinho Abreu, cunhado do Nélson Albuquerque, da padaria do Rabo da Gata, resolveu instalar um circo na cidade, juntamente com o Nílton, genro do Otelino, entre outros.
O circo era simples, do tipo fundo de quintal, mas reunia razoável plateia nas noites enluaradas. Localizava-se no antigo curral do senhor Raimundo da Barra, logo ali, perto da barragem, próximo à saída para o Araquém.
Havia algumas boas apresentações, e os pagantes contribuíam com uma pequena quantia pela entrada e, ao final de cada “show”, todos saiam satisfeitos, pois riam demais, principalmente com as piadas do Chiquinho Abreu, que representava o palhaço do circo.
Certo dia, fazendo a propaganda do espetáculo seguinte, Chiquinho Abreu e seus amigos saíram pelas ruas da cidade, anunciado a atração que iria ficar na história. Diziam assim: “não percam hoje, o homem que vira peixe”.
Chiquinho Abreu era enfático nos dizeres “Não percam hoje, o homem que vira peixe”. Nem os outros artistas do circo sabiam a origem do homem que vira peixe.
O Nílton, que era seu sócio maior, ignorava sobre “o homem que vira peixe”e , preocupado, perguntou no decorrer do dia:
- Chiquinho, cadê esse homem e de onde ele vem?
Chiquinho Abreu respondeu:
-Não se preocupe. Ele já está hospedado na minha casa e se preparando para o “show”. É um verdadeiro artista.
Pronto, o Nílton se tranquilizou. 
Já estava anunciada na cidade inteira a atração da noite: “O homem que vira peixe”. Evidente que a população ficou admirada e ansiosa, aguardando o novo espetáculo que, iniciado, tinha o Tizil (da dona Mazé Alprimo), protagonizando o quadro “o homem vulcão”. Tizil colocava querosene na boca, depois pegava duas tochas acesas e soprava, fazendo uma enorme chama no ar. Depois vinha uma dançarina dançando lambada, o Nílton também fazendo a sua parte, e mais uns três, cada um fazendo suas apresentações.
O espetáculo acontecia, e Chiquinho Abreu, no picadeiro falava:
- Daqui a pouco, “o homem que vira peixe”.
O espetáculo estava quase acabando e Nílton não via nos bastidores do circo a figura do homem que vira peixe. Mais uma vez preocupado, dirigiu-se ao Chiquinho Abreu e lascou:
- Chiquinho, onde tá esse homem, rapaz, que não chega, pelo amor de Deus, tá todo mundo esperando?!
Com seriedade, Chiquinho disse:
- Tá lá na minha casa, tomando banho. Já ele chega.
Mais uma vez o Nílton respirou tranquilo.
Passados alguns minutos, toda a plateia esperando, aguardando.
Chiquinho Abreu finalmente disse:
- Senhoras e senhores, apresentaremos agora “o homem que vira peixe”, e mandou apagar as poucas lâmpadas de dentro do circo.
Todos esperavam por aquele momento. Seria algo diferente, extraordinário, porque num pequeno circo daquele, numa cidadezinha como a nossa, ter a oportunidade de ver um quadro espetacular, “o homem que vira peixe”, seria fascinante e inesquecível.
De repente, as luzes se acendem e aparece um homem com uma frigideira na mão. Dentro da frigideira vários peixes: carás, piaus, piabas, sovelas.
Era o Chiquinho Abreu que, com movimentos rápidos, balançava a frigideira para cima e para baixo, fazendo virar os peixes de dentro dela, movimentos estes parecidos com os de quem está assando uma tapioca no fogão a gás.
A plateia ficou chateada e passou a vaiar o Chiquinho Abreu, que teve que sair quase que escoltado do circo, se não, iria apanhar.  


FERNANDO MACHADO ALBUQUERQUE
Professor
Coreaú-CE
Observação: Esse texto é uma adaptação, baseado em relato do próprio Chiquinho Abreu.
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