Protected by Copyscape Unique Article Checker É terminantemente proibido copiar os artigos deste blog, sem colocar as devidas fontes. Plágio é crime e está previsto no artigo 184 do código penal. Conheça a Lei 9610.

12/11/2011

NOVENTA ANOS DE UMA VIRTUOSA PALMENSE

Hoje, 12 de novembro de 2011, o clã Cavalcante França comemora os noventa anos de sua matriarca, Joaquina Cavalcante França, a tão conhecida Dona Quinoca. Os filhos, netos, bisnetos, genros, noras, irmãos, cunhados, sobrinhos e amigos estarão reunidos num Buffet para as seletas manifestações de apreço e vívida alegria pela magna data. O dia oficial do natalício foi 31 de outubro de 2011.
Com imensa satisfação, expresso, aqui, os votos de felicidades e de muitos anos  de vida para o contentamento de toda a família e de todos os coreauenses.
Para relembrar os tempos de ontem e os hodiernos, escrevi, no dia 7 de outubro de 2011, este singelo texto que fala um pouco de sua caminhada:

O destino não desfolhou..., floresceu!  

Numa sugestiva noite de 1939, no átrio do velho Mercado Público, a sociedade palmense estava reunida para assistir, naquele teatro improvisado, a um romântico drama, organizado por Dona Alzira Pacheco Passos. Essa atração beneficente, realçada por lindas valsas e harmoniosas vozes femininas, solenizava, no tablado cênico, o bucolismo da Palma de então.
O ambiente era festivo. Mas um casal de enamorados vivia uma situação singular, o ciúme, com sua insensatez, minava um belo e florescente romance. O jovem par sofria o amargor de um namoro rompido, anunciado pelas letras frias de um bilhete telegráfico e desconcertante que dizia: “Em virtude de sua hipocrisia a nossa amizade está finda”.
Era uma noite de muitas surpresas: na plateia, um príncipe, na ribalta, uma princesa. Além da distância geográfica, o jovem casal amargava o afastamento ditado pela incompreensão de um coração apaixonado. Abrem-se as cortinas. Eis que assoma ao palco, elegantemente vestida de róseo, a jovem Quinoca, atraindo os olhares da enternecida assistência.  Com sua canora voz, brindava o público com os versos e os acordes da belíssima valsa “E o destino desfolhou” composta por Gastão Marques Lamounier e Mario Rossi, em 1937, e consagrada pelo imortal Carlos Galhardo.
         Aquele momento, sem dúvidas, estava escrito nas estrelas que cintilavam no céu azul da Palma. Enquanto fluía a dolente valsa, na primorosa voz de Quinoca: “O nosso amor traduzia felicidade e afeição... / Desfeito o ninho, a saudade humilde e quieta ficou /mostrando a felicidade que o destino desfolhou.”, entre os espectadores um pequeno movimento buscava o jovem Carneiro, destinatário da eloquente interpretação. Ao final, diante da inusitada cena, o Padre Ivan de Carvalho, vigário à época, levantou-se e exclamou: - atira Carneiro, atira! Tal concitação provocou risos e chistes, gerando na ambiência uma grande expectativa quanto ao reatamento daquele lídimo amor, fato que se consumou dias depois. Em seguida, Quinoca cantou a referida valsa mais duas vezes, atendendo solicitações dos assistentes. Findada a apresentação, o Padre Ivan de Carvalho levantou-se, novamente, e sentenciou: “o Carneirinho, hoje, cai a lã”.

O tempo passou, a história caminhou e a estrada daqueles jovens gravou as largas passadas rumo à conquista indissolúvel da união conjugal, que fez florescer uma robusta prole de dezesseis rebentos: oito cravos e oito rosas, que perfumaram os caminhos do casal Quinoca e Carneiro.  Cônscios da aliança matrimonial, os dois jovens de então guardaram a fidelidade ao SIM proclamado no distante 7 de setembro de 1940, diante do mencionado vigário,  até 3 de maio de 2003, quando a morte ceifou a vida do octogenário Adauto Carneiro de França, patriarca e progenitor desse clã. Porém, os frutos dessa genitura continuam perfumando a vida da nonagenária Joaquina Cavalcante França, Quinoca, matriarca e genetriz do citado clã.
Assim posto, o destino não desfolhou..., como dito na melosa valsa, mas floresceu na frutificação do amor verdadeiro daqueles jovens apaixonados, que já está na terceira geração. Que atestem as minhas palavras os cidadãos mirins Arthur, Gustavo, Renata, Mateus e Gabrielle, membros da terciária florada dessa estirpe. Outros, com certeza, virão, porque o mandado bíblico, expresso no Gênesis: “Crescei e Multiplicai-vos” continua vigendo. Esta linhagem, a cada dia, dignifica Coreaú, o Ceará e o Brasil. Destaque-se, por oportuno, que, além do solo cearense, existem, também, pessoas dessa família radicadas nos estados do Maranhão, Rio Grande do Norte, Pernambuco e São Paulo.
O tempo passa, a vida avança, porém o amor nascido na juventude traduz sempre “felicidade e afeição”. A harmonia, “suprema glória” dos enamorados, enfeita o ninho, perfumando as juras e os anseios que os olhos dos amantes flertam e os lábios proclamam. A singularidade daquela valsa, que embalou os sonhos e venturas na cálida mocidade, mostrou a renúncia que precisava ser cultivada para que vicejassem os frutos e os feitos do idílio forjado no ímpeto da paixão juvenil. Mais tarde, quando os eufóricos ânimos cederam à austeridade da velhice, restou apenas “a saudade humilde e quieta” que ficou na lembrança registrada nos anais da existência de cada um daqueles dois viçosos jovens de outrora.
    Muitas passagens, cingidas pela coragem e pela força de vontade, tia Quinoca, enriqueceram o seu honrado viver e oportunizaram momentos inesquecíveis, que foram insculpidos no refulgente arquivo desses graciosos noventa anos. Porém, a distante noite da década de 1930, já referida, marcou, indelevelmente, o êxito de sua caminhada até aqui.
Neste contexto, é lícito, também, pontuar o emblemático vaticínio proclamado pelo senhor Deca, reconhecido, nas décadas de 1930, 1940 e 1950, como o maior dos vates palmenses.
Essa heroína possuidora de uma vida rica de fé, robusta de esperança, repleta de labor, larga de conquistas, no correr do tempo, contando com o irrestrito apoio do seu amado Carneiro, companheiro de louros e percalços, soube vencer as dificuldades, contornar os temores, administrar as vicissitudes na construção do seu maior tesouro, a rica prole que lhe tem proporcionado tantas alegrias e venturas.
Por esse magnânimo ideal, em 1962, deixou Coreaú, terra de seu nascimento, e partiu com a família para desbravar outros cenários: Sobral e Fortaleza, assumindo o emprego federal anunciado, anos antes, de forma cifrada, pelo adivinho Deca.  
Parabéns, tia Quinoca, parabéns! 

Fortaleza, 7 de outubro de 2011
O sobrinho, Leonardo Pildas 
Protected by Copyscape Unique Article Checker É terminantemente proibido copiar os artigos deste blog, sem colocar as devidas fontes. Plágio é crime e está previsto no artigo 184 do código penal. Conheça a Lei 9610.