Neste fim de semana cerca de seis milhões de brasileiros farão o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). Destes, tantos vêm se esforçando, dando o máximo, sofrendo a pressão pelo bom desempenho, em busca de uma conquista: o ingresso no ensino superior.
Na sociedade cada vez mais baseada no conhecimento técnico-instrumental, estudar pode ser garantia duma vida bem aparelhada materialmente, portanto, um instrumento de ascensão socioeconômica.
O Enem representa um pequeno mas considerável salto rumo a uma universidade realmente aberta, que esteja disponível aos filhos dos trabalhadores tanto quanto aos dos patrões. Criado intentando testar o ensino médio nacional e assim servir de subsídio às políticas governamentais, desde 2009 vem se propondo como unificador dos vestibulares das instituições de ensino superior públicas e critério para seleção nas bolsas no ensino privado.
É uma prova que se esforça para fazer dos assuntos nela abordados o máximo contextualizados com a realidade por nós vivenciada no dia a dia. Suas questões prezam pelos conhecimentos ligados a atualidade, à capacidade de interpretar e criticar a realidade, a aplicação cotidiana do conhecimento acadêmico.
Sendo assim, parto dessa abordagem mais (diria) formal para me dirigir aos estudantes de nosso município, focando aqueles que sabem na pele as persistentes dificuldades para estudar enfrentadas nas famílias pobres rurais e urbanas.
Nosso município é pequeno, tem poucas oportunidades de renda. Não nos falta, porém, potencialidades; falta, sim, compromisso público, falta empreendedorismo, falta coragem para inovar, questionar, reformular.
Não poderia eu falar de um ponto que considero tão central sem lançar mão um tom de utopia: está nas mãos de cada de um de vocês, jovens, não só em idade, como também em esperança, a oportunidade e o compromisso de efetivar sonhos coletivos, de fazer crescer aquilo que está esterilizado pela corrupção!
E os louros não podem ficar somente com aqueles que passam. É claro que a maioria dos que fizerem não passarão... Sejamos realistas! Nossa sociedade ainda é (e muito) desigual. Só não queiram, no entanto, a apatia. Antes a ansiedade regrada, a entrega, o esforço.
Posso dizer, baseando-me na sabedoria que pude provar sobremodo superficialmente, que a lógica perversa de ganhadores e perdedores, escolhidos e excluídos, está fadada ao fracasso. O caminho não é a competição, perceberemos todos certamente num futuro bem próximo. Importa a cooperação, esta é que nos faz fortes, elos de uma mesma corrente.
E sabe como faremos este dia chegar? Vivendo e não se deixando derrubar! A desaprovação num exame não poderá ser sua desaprovação na vida! A vida é bem mais que a ilusão. A vida é um sempre vir-a-ser-mais, feito de quedas e subidas, altos e baixos, harmonia.
Bem, nem eu mesmo sei o que seria esse texto, meio poesia, notícia, artigo e até profecia. Sei que é o que penso. Concorde ou não concorde, interessa que o que tenha sido por mim falado estimule reflexão.
Paz e bem!
Por Benedito Gomes Rodrigues
Ex-aluno da Escola Flora de Queiroz Teles, tricampeão do Spaece, medalha de bronze na OBA 2010, aprovado em 04 quatro exames vestibulares e acadêmico do Curso de Psicologia da UFC, Campus-Sobral
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