A presidente Dilma Rousseff foi de uma precisão quase cirúrgica ao demitir "a pedido" o ministro dos Transportes, Alfredo Nascimento, poucos dias após a divulgação por uma revista de um condensado das falcatruas praticadas no seu ministério. A companheira não deu tempo para os queridos aliados organizarem uma blindagem capaz de evitar essa sua ação moralizadora. Esse episódio não significa ainda que nos livramos da imensa teia de corrupção que envolve o país nos últimos oito anos. Principalmente porque apenas extirpou algumas células desse imenso câncer moral que já atingiu por metástase praticamente toda a estrutura de governo, em todos os níveis. Mas não deixa de ser algo nunca visto na história recente deste país: um ministro corrupto ser demitido. Antes o presidente não via nada, não sabia de nada. Durante os oito anos de governo do cara jamais um graduado flagrado na roubalheira foi demitido ou punido. Alguns receberam até pedidos de desculpas do presidente, que chegou a beijar as mãos sujas de um dos saqueadores das verbas da Sudam. Dona Dilma agora sabe que pode exercer o seu poder para barrar a corrupção no governo, mesmo sabendo que ainda não bota ninguém na cadeia. É claro que as resistências são poderosas e continuam firmes, prontas para resistir a qualquer ação moralizadora do governo. É bom lembrar que Collor não caiu porque o seu governo era corrupto, mas porque tentou fechar as portas do cofres públicos para os que não eram da sua curríola. Não pagou e deu no que deu. Mas dona Dilma tem outro retrato. Tem ficha limpa no quesito corrupção e, portanto, autoridade saber e ver o que se passa nas entranhas do seu governo. O caso Nascimento mostrou que ela pode ousar mais. Levou menos de seis meses para ver o que o antecessor não viu em oito anos. Cabe ao cidadão brasileiro dar apoio à presidente, se preciso levando ás ruas os cara-pintadas para mostrar de que lado está. Sem esquecer de aproveitar as próximas eleições para demitir dos cargos e mandatos aqueles que sustentam a imensa máquina da corrupção nacional.
Fonte: Diário do Nordeste
Pauta Davi
