Tudo começou quando as famílias Lúcio, Moreira e Ricardinio chegaram por essas terras que, segundo alguns relatos, já pertenciam à Maria Ricardinio, irmã mais velha da família Ricardinio, que por sinal, já era uma senhora de setenta anos. Não tinha filhos e, assim, não tinha para quem deixar a terra e então resolveu doá-la para seu irmão José Ricardinio, para fundar uma vila. Maria Ricardinio fez apenas uma exigência a seu irmão antes de morrer: que construísse uma igrejinha e que o padroeiro fosse João Batista, o santo de sua devoção. Assim foi feito. O Zé Ricardinio, como era conhecido, começou a construir a primeira casa e avisou as outras duas famílias que poderiam construir ali naquela terra, porque sua irmã havia lhe dado a terra para a construção de um vilarejo que iria se chamar Desengano.
No final do século 19, o Zé Ricardinio casou-se com Joaquina Lúcio e tiveram cinco filhos: João, Pirajibe, Maria, José e Joaquim. Um pedido que Zé Ricardinio fez aos seus filhos era que se ele morresse e não conseguisse construir a igreja com João Batista como padroeiro, que sua irmã querida tanto tinha lhe pedido, que um deles realizasse esse desejo. Joaquim era o mais “desmantelado” dos cinco filhos de Zé, o rapaz começou a entrar em brigas freqüentemente por conta de terras e entre outros assuntos, até um dia matar um dos membros da família dos Moreiras. Isso foi o estopim para uma grande querela entre as famílias num um tempo em que quem ditava a lei era quem tinha muito poder e que fosse dono de muitas terras. Pouco tempo depois desse episódio, Pirajibe e Joaquim fora m assassinados em uma espécie de briga de facas, que era muito comum na época. E a honra da família Moreira foi lavada com sangue. E o tempo passou e as brigas eram cada vez mais constantes, seguidas na maioria das vezes com mortes. O vilarejo Desengano foi aumentando com a chegada de novas famílias e só no começo do século 20, José, o caçula da família Ricardinio conseguiu realizar o pedido do pai, construir a igrejinha com João Batista como padroeiro.
Com a construção da igrejinha, o movimento de pessoas, padres e missionários passou a aumentar no vilarejo e a ser era mais freqüentes na época das ultimas novenas, 23 e 24 de junho que eram comemorados com quermesses e muita festa. Com esse movimento, o vilarejo Desengano passou a ter fama de vila sangrenta, pois aconteciam muitas mortes na localidade. Depois de algum tempo, o padre Eudes veio morar no vilarejo Desengano. Padre Eudes não se conformava como era que um lugar poderia se chamar Desengano, então como ele era muito respeitado na vila, decidiu que iria mudar o nome para povoado de Boa Esperança, e assim foi feito. Batizou o povoado como Boa Esperança. Logo depois, passou a ser distrito de pedrinhas (atual Moraújo) e a política no povoado foi ganhando força, pois era um dos maiores distritos do município de Moraújo, ainda mais quando Antônio Moreira, um dos habitantes de Boa esperança e o maior latifundiário da região, passou a ser vereador, e logo depois vice-prefeito do município.
Antonio Moreira morreu em 1982, aos 83 anos de idade, deixou seu filho Benedito Moreira como sucessor na política do município. Depois veio como vereador também em Boa Esperança Clodoaldo Filho e Donizete Lourenço. E hoje Boa Esperança apresenta aproximadamente 430 habitantes, um distrito calmo e pacato. As brigas agora em Boa Esperança só dos jumentos e cachorros na rua.
Esse é um pequeno resumo da historia de Boa Esperança!
(Renato Gomes Fontinele)
Do blog: O nosso colaborador, Renato Fontinele, é ex-aluno da Escola Flora Teles. Atualmente é acadêmico na Universidade Estadual Vale do Acaraú.