Falar dos professores de administração, formadores de consciências, de valores e de opções éticas na gestão das organizações, como se todos pertencessem a um grupo homogêneo é uma insensatez. Há distintas ideologias, níveis de engajamento, de participação e de comprometimento na formação da estrutura de pensar dos alunos, futuros gestores do mundo corporativo.
A função dos professores como formadores de poder ideológico muda de organização para organização, de sociedade para sociedade, de época para época. Mudam também as relações, ora de contraposição, ora de aliança, que os professores de administração mantêm com as estruturas organizacionais.
É costume se dizer que os professores devem ser desconsiderados ou desaprovados no que afirmam em sala de aula, porque são sempre do contra. Dizem: “quem sabe faz, quem não sabe ensina”. Ou, da mesma forma: “Teoria na prática é diferente.
Muitos dizem que os professores de administração são conformistas e desempenham a função social de mantenedor do status-quo nas organizações e no mundo do trabalho.
A responsabilidade social do docente o conduz à mediação e à interlocução reflexiva e criativa. O método em sala de aula é o diálogo racional e instigante, em que os interlocutores discutem e apresentam uns aos outros argumentos raciocinados, experiências vivenciadas. A virtude essencial é a tolerância, a aceitabilidade e a serenidade para a diferença.
Na medida em que o professor defende e alimenta valores morais e elevados na gestão das organizações, ninguém o poderá acusar de estar a serviço de paixões partidárias, ou de modismos organizacionais, ou mesmo de repetidor não crítico de teorias ajustadas para outras realidades oriundas de países culturalmente distintos do Brasil..
O estudante não é um repositório para as idéias dominantes de uma determinada época. Ele pode e deve efetivamente aprender a pensar a sua própria experiência e produzir a partir dela novas visões e incrementar novos comportamentos, hábitos e atitudes. O conhecimento adquirido não é o que o aluno passa a saber, mas o que ele faz com o que sabe.
A função dos professores como formadores de poder ideológico muda de organização para organização, de sociedade para sociedade, de época para época. Mudam também as relações, ora de contraposição, ora de aliança, que os professores de administração mantêm com as estruturas organizacionais.
É costume se dizer que os professores devem ser desconsiderados ou desaprovados no que afirmam em sala de aula, porque são sempre do contra. Dizem: “quem sabe faz, quem não sabe ensina”. Ou, da mesma forma: “Teoria na prática é diferente.
Muitos dizem que os professores de administração são conformistas e desempenham a função social de mantenedor do status-quo nas organizações e no mundo do trabalho.
A responsabilidade social do docente o conduz à mediação e à interlocução reflexiva e criativa. O método em sala de aula é o diálogo racional e instigante, em que os interlocutores discutem e apresentam uns aos outros argumentos raciocinados, experiências vivenciadas. A virtude essencial é a tolerância, a aceitabilidade e a serenidade para a diferença.
Na medida em que o professor defende e alimenta valores morais e elevados na gestão das organizações, ninguém o poderá acusar de estar a serviço de paixões partidárias, ou de modismos organizacionais, ou mesmo de repetidor não crítico de teorias ajustadas para outras realidades oriundas de países culturalmente distintos do Brasil..
O estudante não é um repositório para as idéias dominantes de uma determinada época. Ele pode e deve efetivamente aprender a pensar a sua própria experiência e produzir a partir dela novas visões e incrementar novos comportamentos, hábitos e atitudes. O conhecimento adquirido não é o que o aluno passa a saber, mas o que ele faz com o que sabe.
Faça-se, pois, o professor de administração um agente ativo de transformação social de nossas organizações, contribuindo ideologicamente para torná-las humanizadas e comprometidas – é verdade – com o lucro, mas fundamentalmente como instrumentos do bem comum e de uma sociedade mais justa e fraterna.
Os padrões de comportamento praticados por uma pessoa tendem a tornar-se tão fixos e arraigados que podem até ser chamados de sua “segunda natureza”. Manifestam-se sem um momento de reflexão. Internalizam-se nas pessoas. A sua repetição faz com que se incorporem ao contexto da própria existência de cada um. A organização também tem a sua “segunda natureza”. Ela cega as pessoas. O que já é conhecido passa a ter maior penetração e encontra aceitação, quer seja certo ou errado.
A conduta do docente deve ser embasada por uma forte vontade de influir e de participar das lutas e das contradições, das mudanças e dos conflitos que marcam a realidade das organizações do nosso tempo, mas sem permitir-se deixar alienar a ponto de se desantenar do processo histórico de que participa.
É preciso que seja suficientemente lúcido para não se identificar completamente com uma parte, uma teoria ou uma vertente de pensamento ideológico tomado como verdade absoluta. Ele não é o porta-voz de palavras de ordens estabelecidas pelos gurus da administração internacional, que fixam conceitos e estabelecem práticas como científicas sem qualquer validação em pesquisa.
A teoria nunca é uma verdade definitiva e acabada, dogmática, pronta a ser assimilada. A teoria se faz e se aprofunda associada à prática, submetida à reelaboração a partir da experiência e da crítica, o que subverte as categorias abstratas e os esquemas intelectualistas estereotipados de seus formuladores. A teoria só é adequada quando exprime o real, a prática. Por isso, ela se reforma a cada instante, como insumo a novos estágios alcançados pela prática. Do contrário, a teoria confirmaria a ilusão idealista de que o discurso sobre a realidade é suficiente para transformá-la. Toda teoria organizacional só é válida quando nos servimos dela para ultrapassá-la. A prática tem suas razões que muitas vezes a teoria não conhece. Mesmo a teoria mais adequadamente concebida e testada deve ser adaptada às circunstâncias de cada um.
É preciso que o professor mantenha a independência, mas não a indiferença em relação à pletora de conceitos e a literatura emergente relativa ao estudo e à análise do ambiente de trabalho e à realidade das organizações. Precaver-se para não se tornar garoto-propaganda de algumas delas.
A tarefa do professor é fazer o aluno pensar, refletir sobre a sua própria realidade, agitar idéias, levantar indagações, suscitar questões e problemas, discutir alternativas ou formular teorias gerais.Deve desenvolver no aluno a sua competência diagnóstica e não a prescritiva. Como a medicina, também no mundo das organizações há que se fazer a diferenciação adequada entre doença e doentes, entendendo-se que diferentes manifestações de doença apresentam-se diferentemente em diferentes doentes. Tudo isso nos faz atentar mais para as peculiaridades dos problemas, para lhes aplicar as soluções adequadas. E para isso o aluno precisa aprender a diagnosticar com precisão as atipicidades do problema com o qual se defronta, para só então implementar a solução adequada, que é sempre a que melhor se ajusta a uma dada situação.
O professor precisa resistir ao simplismo do aluno que busca receitas de bolo, aprender soluções mágicas aplicáveis a quaisquer realidades. É preciso fazê-lo aprender a pensar e, conseqüentemente, formular criativamente soluções próprias ao problema que busca solucionar. É preciso que o docente se precavenha contra a propensão que possa ter em dar conselhos práticos a seus alunos sobre o comportamento que devam adotar nas organizações.
O magistério de administração não é destinado a profetas, a videntes ou a demagogos, mas, efetivamente, aos que se dispõem a fazer os seus alunos pensarem sobre as realidades organizacionais em que convivem, com o propósito de compreendê-las e transformá-las.
A formação profissional comprometida com um pragmatismo superficial e o desprezo pelo conhecimento e a cultura, a subordinação da inteligência às atividades necessárias à conquista do emprego são certamente causas estruturais do fracasso de alguém na sua própria realização como pessoa e profissional. As escolhas constroem o destino. Escolhendo o imediatismo da aplicação do conhecimento ao caso específico de trabalho, o professor de administração embota a inteligência de seus alunos, estreita os seus horizontes de consciência e de percepção e os condena ao mero adestramento profissional. O valor das competências mudam ao longo do tempo. As competências essenciais de ontem são as rotinas de hoje.
O conhecimento estritamente especializado do administrador agrada ao egoísmo das organizações: quanto melhor a especialização e o adestramento, maior a produção e a produtividade, maiores os lucros e, assim, maior felicidade para os acionistas e os empregados. Associa-se resultado obtido à felicidade. E, em conseqüência, cada vez mais se atribui maior valor à ética dos resultados em detrimento da ética de convicções. Igualmente agrada às organizações porque busca formar profissionais adequados às instituições existentes, isto é, integrá-los através da aquisição de conhecimentos ajustados à conformidade.
A formação profissional focada na prevalência do desenvolvimento do conhecimento especializado dificulta a compreensão da organização pela visão humanista que deve caracterizar a formação do administrador.
No dizer de Gramsci todo homem é em si um filósofo. Traduzindo isso para o linguajar comum, podemos concluir que todo homem é em si um intelectual capaz de pensar a sua realidade no sentido de transformá-la. Não devemos julgar intelectual apenas o homem de punhos de renda, detentor de títulos de nobreza, modernamente chamados de MBA’s e PHD’s. Intelectual é aquele que pertencendo aos mais diversos segmentos sociais é capaz de interpretar as realidades desses segmentos, fazer propostas, repensar os seus destinos, seguir outros cursos de ação. É capaz de antever o futuro e fazê-lo presente. Este certamente é o conceito de intelectual que os professores de administração precisam passar aos seus alunos, futuros agentes de mudança das organizações, formuladores de novas trajetórias e gestores de uma realidade em permanente mudança."
Os padrões de comportamento praticados por uma pessoa tendem a tornar-se tão fixos e arraigados que podem até ser chamados de sua “segunda natureza”. Manifestam-se sem um momento de reflexão. Internalizam-se nas pessoas. A sua repetição faz com que se incorporem ao contexto da própria existência de cada um. A organização também tem a sua “segunda natureza”. Ela cega as pessoas. O que já é conhecido passa a ter maior penetração e encontra aceitação, quer seja certo ou errado.
A conduta do docente deve ser embasada por uma forte vontade de influir e de participar das lutas e das contradições, das mudanças e dos conflitos que marcam a realidade das organizações do nosso tempo, mas sem permitir-se deixar alienar a ponto de se desantenar do processo histórico de que participa.
É preciso que seja suficientemente lúcido para não se identificar completamente com uma parte, uma teoria ou uma vertente de pensamento ideológico tomado como verdade absoluta. Ele não é o porta-voz de palavras de ordens estabelecidas pelos gurus da administração internacional, que fixam conceitos e estabelecem práticas como científicas sem qualquer validação em pesquisa.
A teoria nunca é uma verdade definitiva e acabada, dogmática, pronta a ser assimilada. A teoria se faz e se aprofunda associada à prática, submetida à reelaboração a partir da experiência e da crítica, o que subverte as categorias abstratas e os esquemas intelectualistas estereotipados de seus formuladores. A teoria só é adequada quando exprime o real, a prática. Por isso, ela se reforma a cada instante, como insumo a novos estágios alcançados pela prática. Do contrário, a teoria confirmaria a ilusão idealista de que o discurso sobre a realidade é suficiente para transformá-la. Toda teoria organizacional só é válida quando nos servimos dela para ultrapassá-la. A prática tem suas razões que muitas vezes a teoria não conhece. Mesmo a teoria mais adequadamente concebida e testada deve ser adaptada às circunstâncias de cada um.
É preciso que o professor mantenha a independência, mas não a indiferença em relação à pletora de conceitos e a literatura emergente relativa ao estudo e à análise do ambiente de trabalho e à realidade das organizações. Precaver-se para não se tornar garoto-propaganda de algumas delas.
A tarefa do professor é fazer o aluno pensar, refletir sobre a sua própria realidade, agitar idéias, levantar indagações, suscitar questões e problemas, discutir alternativas ou formular teorias gerais.Deve desenvolver no aluno a sua competência diagnóstica e não a prescritiva. Como a medicina, também no mundo das organizações há que se fazer a diferenciação adequada entre doença e doentes, entendendo-se que diferentes manifestações de doença apresentam-se diferentemente em diferentes doentes. Tudo isso nos faz atentar mais para as peculiaridades dos problemas, para lhes aplicar as soluções adequadas. E para isso o aluno precisa aprender a diagnosticar com precisão as atipicidades do problema com o qual se defronta, para só então implementar a solução adequada, que é sempre a que melhor se ajusta a uma dada situação.
O professor precisa resistir ao simplismo do aluno que busca receitas de bolo, aprender soluções mágicas aplicáveis a quaisquer realidades. É preciso fazê-lo aprender a pensar e, conseqüentemente, formular criativamente soluções próprias ao problema que busca solucionar. É preciso que o docente se precavenha contra a propensão que possa ter em dar conselhos práticos a seus alunos sobre o comportamento que devam adotar nas organizações.
O magistério de administração não é destinado a profetas, a videntes ou a demagogos, mas, efetivamente, aos que se dispõem a fazer os seus alunos pensarem sobre as realidades organizacionais em que convivem, com o propósito de compreendê-las e transformá-las.
A formação profissional comprometida com um pragmatismo superficial e o desprezo pelo conhecimento e a cultura, a subordinação da inteligência às atividades necessárias à conquista do emprego são certamente causas estruturais do fracasso de alguém na sua própria realização como pessoa e profissional. As escolhas constroem o destino. Escolhendo o imediatismo da aplicação do conhecimento ao caso específico de trabalho, o professor de administração embota a inteligência de seus alunos, estreita os seus horizontes de consciência e de percepção e os condena ao mero adestramento profissional. O valor das competências mudam ao longo do tempo. As competências essenciais de ontem são as rotinas de hoje.
O conhecimento estritamente especializado do administrador agrada ao egoísmo das organizações: quanto melhor a especialização e o adestramento, maior a produção e a produtividade, maiores os lucros e, assim, maior felicidade para os acionistas e os empregados. Associa-se resultado obtido à felicidade. E, em conseqüência, cada vez mais se atribui maior valor à ética dos resultados em detrimento da ética de convicções. Igualmente agrada às organizações porque busca formar profissionais adequados às instituições existentes, isto é, integrá-los através da aquisição de conhecimentos ajustados à conformidade.
A formação profissional focada na prevalência do desenvolvimento do conhecimento especializado dificulta a compreensão da organização pela visão humanista que deve caracterizar a formação do administrador.
No dizer de Gramsci todo homem é em si um filósofo. Traduzindo isso para o linguajar comum, podemos concluir que todo homem é em si um intelectual capaz de pensar a sua realidade no sentido de transformá-la. Não devemos julgar intelectual apenas o homem de punhos de renda, detentor de títulos de nobreza, modernamente chamados de MBA’s e PHD’s. Intelectual é aquele que pertencendo aos mais diversos segmentos sociais é capaz de interpretar as realidades desses segmentos, fazer propostas, repensar os seus destinos, seguir outros cursos de ação. É capaz de antever o futuro e fazê-lo presente. Este certamente é o conceito de intelectual que os professores de administração precisam passar aos seus alunos, futuros agentes de mudança das organizações, formuladores de novas trajetórias e gestores de uma realidade em permanente mudança."
e-mail de Rogério Cristino