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07/06/2011

E NÓS, ACABOCLADOS?

Nos últimos tempos, os que têm e os que não têm o quê fazer juntaram-se aos usuários da famosa Lei de Gerson e partiram para o Eldorado dos direitos sem começo e sem fim.
O grande negócio fundamenta-se na pigmentação de nossas peles. A autoclassificação pertence-nos, bradam os camaleônicos. Maior parte destes desconhece que, por todas suas vidas, tal condição lhes condiz. O que não se lhes davam eram benesses mil que, muito dos próprios favorecidos, julgam incentivadoras de segregações e motivadoras de discriminações raciais.
Alguém de boa visão ou especialista dermatológico é capaz de enxergar um nacional verdadeiramente negróide, mongolóide ou caucasóide? Deveras impossível se buscarmos o notável antropólogo Ashley Montagu e os princípios de sua obra Introdução à Antropologia.
Ali, comprova-se inexistir precisão absoluta no definir, separadamente, os elementos dos três grupos étnicos da humanidade. Fácil entender, pois somente o isolamento geográfico (determinada região) ou a endogamia (casamento de pessoas do mesmo grupo) servem como princípio basilar. Nada mais do que isso.
A pigmentação epidérmica relativiza-se muito, mesmo dentro de uma etnia, por diferenciar-se. Os negros apresentam colorações variantes do castanho-amarelo ao castanho-escuro (ebâneo) e nascença na África, Oceania e parte da Ásia. Os mongolóides têm tez de matizes levemente amarelados, olhos amendoados e cabelos pretos e lisos, sendo originários do Norte, centro e Sudeste asiático. Os de pele branca chegam até o castanho-claro, com cabelo de liso a ondulado, nunca lanoso, naturais da grande Europa.
Além dessas subjetividades alienígenas, há lembrar-se existirem subgrupos, aqui e além-mar, para enigmatizar, mais ainda, o complexo cenário das raças.
Em terra brasilis, complicadores outros podem causar perplexidade. Afora a lembrança existencial histórica dos pardos ou mulatos, mamelucos e cafuzos, no Censo Demográfico de 1960, os brasileiros declaram possuir mais de sessenta cores. Trigueiro, sarará, ruzagá, crioulo, melgaço, marrom, desbotado...
E nós, acaboclados, receberemos alguma cota?

                                                                                                                                                                     *Geraldo Duarte é advogado, administrador e dicionarista.

Jornal da Cidade

REPASSADO POR ROGÉRIO CRISTINO
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