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30/06/2011

COLHEITA DA GRATIDÃO

Tratava-se de um Congresso Estadual. As pessoas chegavam de todas as bandas e os largos corredores de acesso ao auditório principal se apresentavam movimentados.
Pequenos grupos se formavam, aqui e ali, onde abraços e risos se misturavam, percebendo-se que se tratava de reencontros de amigos.
Amigos de cidades diferentes, de outros Estados que novamente se encontravam. A expectativa, para a sessão de abertura, era de dez mil pessoas.
Os voluntários estavam em toda parte: na recepção, no setor de informações, nas livrarias, onde grande era igualmente a movimentação.
Uma senhora conversava, animada, com amigos, quando se aproximou um dos voluntários, pedindo-lhe ajuda para uma das livrarias.
O movimento se fizera de tal intensidade que os atendentes precisavam de um apoio extra.
Feliz por servir, a senhora logo se postou atrás do balcão. Entre sorrisos e cumprimentos, a um indicava o lançamento mais recente em livro, cd e dvd.
A outro, esclarecia a respeito do conteúdo do produto que tinha em mãos.
Vendia, acondicionava em sacolas e entregava a mercadoria. Bastante conhecida, detinha-se a brincar com um ou outro dos que se achegavam para tomar ciência das novidades editoriais.
Então, alguém lhe perguntou: Poderia me dizer se, há uns catorze anos, a senhora esteve na Maternidade Y, a visitar algum parente seu?
A pergunta surpreendeu a voluntária. Contudo, consultou os arquivos da memória e respondeu de forma afirmativa.
Há catorze anos, pelo período de trinta dias, estivera, muitas vezes, na citada Maternidade.
Sua sobrinha nascera prematura e estava no Centro de Terapia Intensiva Neonatal.
E concluiu: Desculpe-me, mas por que a pergunta?
Então, entre a emoção mal contida, os olhos marejados de lágrimas, disse a indagante:
Eu nunca soube seu nome. Mas jamais esqueci seu rosto. Fico muito feliz em encontrá-la, agora e poder lhe agradecer.
E, ante o surpreso silêncio, ela continuou: Eu sou aquela mulher que a senhora viu a chorar na recepção.
Sem me conhecer, notando meu desespero, se aproximou de mim e perguntou: “Por que chora tanto? O que aconteceu?”
E eu contei sobre a doença do meu filhinho de poucos meses, do pavor de perdê-lo, da dor de ter que deixá-lo hospitalizado, das tantas incertezas da minha alma de mãe ansiosa.
Então, a senhora me envolveu em um abraço terno e me disse: ”Confie em Deus. Entregue seu filho aos cuidados dEle.
Ore, acalme-se e guarde a certeza: seu filho ficará bem.”
E eu me acalmei, ao influxo das vibrações que recebi do seu abraço.
Orei, esperei. E meu filho aí está, prestes a completar seus quinze anos.
Por isso, por aquele dia ter acalmado o desespero de uma estranha, eu lhe agradeço.
A partir de hoje, tenho um nome para guardar em gratidão.
Um abraço prolongado encerrou a narrativa.
A senhora sequer lembrava do fato mas, em sua intimidade, agradeceu a Deus pela felicidade de colher flores no seu caminho.
Flores de gratidão de uma estranha, guardadas há pouco mais de catorze anos.
Verdadeiramente, pensou, o bem faz bem a quem o realiza.
 
Redação do Momento Espírita, com base em fato.
Em 28.06.2011.
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