E ainda sobre os heróis comboieiros, uma singela homengaem aos mascates de outrora que tanto nos alegraram em tempos que não tinhamos rádio, televisão, jornal, intenet, fofoqueiros(as) e tantos outros veiculos de comunicação como hoje. Naquela época somente eles nos traziam notícias e novidades.
Corria uns trinta janeiro
No tempo rumo ao passado
Passava o dia inteiro
Tangendo jegue cansado
O heroico comboieiro
Em rustica veste e suado
Cortando o sertão inteiro
No seco e no alagado
Da serra para o sertão
Do sertão ao litoral
Jumento pisando o chão
Trazendo no lombo o sal
Esse herói nosso irmão
Que desconhecia o mal
Vivia em busca do pão
Pra família e seu animal
De uns três trago a lembrança
Na casa de meu avô
Que era pouso e descanso
Pro matuto e pro dotô
Sempre que eles chegavam
Com a reca de animais manso
Tinha festa sim sinhô
Tinha o Raimundo Trajano
Que vendia aguardente
Seu comboio de jumentos
Fazendo alegria da gente
Com a mais pura cachaça
Em barricas e no sol quente
Que além de nos tornar rico
“Inda” curava dor de dente
Tinha um da Meruóca
Um boa gente que só
Ainda parente nosso
De alcunha Michió
Toda vez que ele passava
Pra vida seguir “mió”
Uma semana descansava
Deixando tristeza pió
quando ele nos deixava
Tinha Otasso boa praça
De bagagem valiosa
Nem sempre coisa concreta
Quasse sempre sigilosa
Além das mercadorias
Trazia uma boa proza
Recheada de notícias
E personagens jocosas
Com ele tive contato
Até pouco tempo “atrais”
Já não tangia o comboio
Com cargas e animais
Porem o humor de sempre
Ele não perdia. Jamais
E aqui fica o passado
E estas boas lembranças
De uma infância vivida
Também cheia de esperança
Onde ele* eram bem vindo
Sem qualquer desconfiança
Tudo ao contrario de hoje
Onde só reina a “ganança”
Ninguém serve um copo dágua
Muito menos dá festança
By: Manuel Manepa Êpa da Silva
Doutor não sinhô. Contador, de "estória" é claro...