Protected by Copyscape Unique Article Checker É terminantemente proibido copiar os artigos deste blog, sem colocar as devidas fontes. Plágio é crime e está previsto no artigo 184 do código penal. Conheça a Lei 9610.

10/10/2010

PEDRO, UMA VIDA INESQUECÍVEL




Diz a Sagrada Escritura: “O homem é semelhante ao sopro da brisa, seus dias são como a sombra que passa.” (Sl 143,4). Cedo aprendemos que o ser humano é finito, mas nunca aceitamos de pronto esta condição. Mesmo sabendo que “o espaço da vida é limitado e imutável para todos”.
Sêneca (Lucius Annaeus Seneca), filósofo romano, num de seus escritos, afirma: “toda a vida do homem nada mais é do que uma viagem para a morte.” Então, num tom reflexivo, podemos proclamar: vivemos morrendo. Tudo é vento que passa. Na terra, nada é eterno.
Hoje, 10 de outubro de 2010, se nosso estimado pai, Pedro Cristino de Menezes, estivesse, entre nós fisicamente, estaria completando 92 anos. Mas celebraremos, em família, esta significativa data, honrando sua memória, porque espiritualmente ele permanece conosco. A expressão latina: Feriunt omnes, ultima necat”, encontrada em relógios antigos, nos adverte: “Todas (as horas) nos ferem, a última nos mata”. Naquela fatídica noite de 10 de dezembro de 2006, a mão pesada da morte, às 20h, arrebatou a sua alma para o reino da eterna ventura, enquanto o corpo, no dia seguinte, foi sepultado no Cemitério São Miguel, principal necrópole de Coreaú, cumprindo, assim, a sentença bíblica: “Todos caminham para o mesmo lugar. Todos saem do pó e para o pó voltam.” (Ecl 3, 20).

A união conjugal formalizada, segundo o rito do sacramento do matrimônio católico e o preceito jurídico que fundamenta o casamento civil, respectivamente, assistidos pela estola e pela toga, na alegre manhã do dia 7 de setembro de 1947, permitiu ao casal Pedro e Anisete construir um lar e uma robusta prole. Aqui, Pedro tornou-se a pedra angular destas firmes construções, fortalecendo, indubitavelmente, esse grupo familiar.

            Lembrar essa figura simples e proba, recordando o seu caminhar na senda do existir até o limite de seus dias, eis o nosso propósito neste singelo artigo. Nossa família nuclear, sob a batuta de nossa querida mãe, a professora Anisete, mestra de muitas gerações palmenses, nesses quatro últimos anos, tem sentido, em gravidade, a ausência daquele que, em vida, laborou muito, tanto na serra quanto no sertão. Trabalhou na lavoura, no comércio, no serviço público municipal, na construção de estradas, no corte da palha da carnaubeira, na Cooperativa dos Rodoviários do antigo DNER.

Na velha Palma, atual Coreaú, onde nasceu, na data de 10 de outubro de 1918, integrou várias instituições civis, religiosas, sociais e políticas: Associação Rural de Coreaú, Sindicato Rural de Coreaú, Cooperativa Agrícola e Mista de Coreaú, Congregação Mariana, Irmandade dos Irmãos do Santíssimo Sacramento, Coreaú Social Clube, Partido Trabalhista Brasileiro – PTB ( o de Getúlio Vargas) e outros.

Mesmo residindo na cidade de Sobral desde 1968, ele manteve forte vínculo com seu torrão natal e com seus conterrâneos. Votava em Coreaú. Prestigiava a Festa de Nossa Senhora da Piedade, a quem dedicou uma profunda devoção. Enquanto perdurou o embate dos partidos Azul e Encarnado, nas quermesses de setembro, era militante do Partido Azul.


Papai, neste dia de saudade e de esperança, quando festejamos, in memoriam, seus 92 anos, é lícito relembrar o sítio Macaco, situado no município de Alcântaras, nos elevados da azulada Serra da Meruoca, local tão presente na sua caminhada terrena! Neste pequeno mundo, entre os montes e rochedos, o senhor escreveu uma bonita história de trabalho e perseverança. Plantou sonhos e colheu alegrias que marcaram sua adolescência e a vida adulta. Enfrentou dificuldades que jamais arrefeceram o entusiasmo nutrido por esse patrimônio da família Cristino de Menezes. Com simplicidade e com moderação, soube superar tais adversidades.

Confiamos plenamente que, no convívio dos justos, o senhor já tenha proclamado, por diversas vezes, estas palavras de Santo Agostinho: “Senhor, Vós me fortalecestes quando busquei refúgio em Vós. Oferecendo-me abrigo me libertastes.”


Por último, papai, externamos a imensidão de nossa saudade que não é menor do que a certeza que temos sobre a brilhante luz que clareia o seu refúgio.

Concluímos este necrológio com um verso do poema “Camões” da lavra do imortal Machado de Assis, in “Ocidentais”, Poesias Completas, Rio de Janeiro: Garnier, 1901, que solenemente acentua: “Ele, que é morto?... Vive a eterna vida.” Nós, que ainda vivemos, choramos a sua sentida ausência.


Fortaleza 10 de outubro de 2010
Leonardo Pildas
Protected by Copyscape Unique Article Checker É terminantemente proibido copiar os artigos deste blog, sem colocar as devidas fontes. Plágio é crime e está previsto no artigo 184 do código penal. Conheça a Lei 9610.