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28/06/2010

ARTIGO DE OPINIÃO

As copas

Escrevo na quinta. Confesso, não vi nada de excepcional nesta Copa. Tudo igual. Parece jogo eletrônico. A única novidade é a África do Sul: mesmo desclassificada no futebol, está sendo desvendada. Gente alegre, cores, dores, problemas e anseios. Não sei quem é o jogador Felipe Melo, com nome de tenista. Procuro a razão do mau humor do Dunga, a ganhar milhões e recrutar uma legião estrangeira sem grande amor à pátria, dizem alguns. São garotos-propaganda de tudo e qualquer coisa. Lamento não entender a razão de jogadores brasileiros usarem brilhantes em suas orelhas. Só se for para afirmar: fiquei rico. Algumas cadeias de televisão estão cheias do dinheiro de anunciantes bilionários, ávidos pela imagem de cada atleta ou seleção. A maioria dos patrocinadores é multinacional e trabalha por pesquisa e números. Pátria é coisa do passado. O mundo deles é o dos interesses. Dos 23 atletas brasileiros, só t rês jogam no Brasil. O resto joga e desfila em festas e aeroportos da Europa e, quando chegam, são, via de regra, acompanhados de louras siliconadas em pagodes patrocinados por cervejarias. Confesso ter saudades de Tostão, com sua lucidez e talento. Confesso não ter saudade de Zico, com seu azar. Revelo estar impressionado por Pelé ser ainda um dos maiores faturamentos em publicidade. Não vejo ou ouço o Galvão Bueno. Não consigo entender a não convocação de Ronaldinho, o gaúcho, tantas glórias e gols. Juro não saber quanto é a gratificação pelo título. Repórteres dizem que centenas de pessoas viajaram por conta dos cofres da viúva e do futebol. Esse mesmo futebol a dever horrores à Previdência Social, sonegar Imposto de Renda e dar cobertura e visibilidade a personalidades toscas. Admito não saber bem quem é Ramires e tampouco em que posição joga. Falem-me de Thiago Silva. Esta conversa não é ranzinza, é fruto do desapontamento lúcido pela cons ciência da pura mercantilização do esporte. Depois, virá a Copa de 2014, "a nossa". O que menos importará será o futebol. Bilhões ficarão nas mãos das mesmas empresas, especializadas em tudo, acopladas ao poder, quaisquer que sejam os eleitos, tais carrapatos em gado mal cuidado.

João Soares Neto – escritor

Fonte: Diário do Nordeste, 27/06/2010

e-mail de Davi Portela

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