O nosso sertão nordestino está num processo acelerado de desertificação, mais pela omissão das autoridades competentes do que pelos atos praticados pelos sertanejos que concorrem para esse fim.Faltam ações integradas entre órgãos nos diferentes níveis de poder.O processo de educação ambiental nas escolas públicas e privadas se restringe ao universo macro e, ainda sim, realizado de modo muito superficial.
Os programas governamentais que tratam de ações que procuram estancar esse processo não conseguem se estabilizar na prática, pois se concentram muito na retórica.Existem muitas ações de natureza pontual geradas por muitas instituições governamentais e não governamentais constituídas por muitos atores que geram uma espécie de onda que começa forte e logo em seguida tem o seu potencial de energia esgotado.Enquanto isso, o sertanejo continua queimando e praticando as mesmas práticas dos nossos antepassados quando do preparo d o solo para efetuar o plantio de suas roças e quando se utiliza de agrotóxicos para o combate e controle de pragas. Educação ambiental tem de abranger um todo e não partes.Se alguns pretendem fazer e muitos outros continuam desfazendo, quando todos deveriam ter a mesma missão, fica difícil pensar na possibilidade de uma consciência ambiental na sociedade que leve em consideração a conservação de qualquer ecossistema, independentemente de sua complexidade.Se o sertanejo, independente de seu perfil econômico, não sabe manejar tratores, por que tanta facilidade de adquirir essas máquinas através de agentes financeiros oficiais e também através de programas governamentais como o "São José" que tem ação no nosso Estado?Com isso se demonstra que a máquina estatal, principalmente, é muito vulnerável para dar sustentabilidade econômica, social e ambiental nos serviços que executa em favor da sociedade.
CARLOS FLAUBERT PATRÍCIO DE ALMEIDA
engenheiro agrônomo
Fonte: Diário do Nordeste, 20/6/2010
Indicação do Professor Davi
