
Com as mudanças climáticas observadas no Planeta, vem diminuindo a capacidade dos ecossistemas no sentido de recompor suas reservas de água doce. No Brasil, onde se alardeia a existência de condições privilegiadas, pelo fato de deter cerca de 12% da água doce superficial do mundo, ocorre uma parcial reversão de expectativa quando vêm à tona dados que revelam a inadequada e desigual distribuição do líquido no extenso território nacional.
Só a Amazônia despeja no mar 78% da água existente no seu volumoso curso, enquanto no Sudeste, responsável pela irrigação de quase metade da produção agrícola brasileira, conta apenas com 6% em relação ao total de reservas das outras regiões. As eventuais enchentes, esporadicamente causadas por elevados índices pluviométricos, só representam outro aspecto igualmente danoso à economia.
No Nordeste, o processo de desertificação tem aumentado de maneira célere, apesar dos esforços de armazenamento hídrico em açudes e reservatórios. Bem ao Sul, na região dos pampas gaúchos, a produção agrícola se desestabilizou por razões climáticas que não permitem a acumulação de água.
O Brasil ainda dispõe de alto estoque de água subterrânea, no aquífero Guarani, que ocupa uma área de 1,2 milhão de quilômetros quadrados no sul do País e cuja capacidade dá para abastecer 400 milhões de habitantes por mais de dois mil anos. É considerado uma das maiores reservas do mundo e seu produto já está sendo utilizado em vários municípios. Pela atual legislação, a cobrança pelo uso dessa água cabe aos Estados, mas tramita no Congresso Nacional uma proposta para compartilhar sua renda com a União, mesmo porque o aquífero atravessa vários Estados.