Li o deselegante documento produzido pela verve acalorada
de alguém, que infelizmente se mostra desprovido da noção de cidadania. Julgando-se
forte, lança mão da pronúncia inconsequente e grosseira, num total
desconhecimento dos princípios de urbanidade e de legitimidade. Confesso que
fiquei estupefato diante da inusitada verbosidade. Realmente, tem razão, Victor Lasky, escritor
norte-americano, quando afirma: “Na
política não há amigos, apenas conspiradores que se unem.”
Quanta pobreza de espírito! Um panfleto anônimo,
marcado pela ignobilidade, em flagrante desrespeito à memória de pessoas que
não se encontram no mundo dos vivos, portanto sem nenhuma chance de defesa,
torna-se peça de campanha política.
Aqui, parece-me consentâneo registrar duas
sentenças relacionadas a São Francisco em conversa com dignitários da Igreja de
seu tempo, uma ouvida e outra proferida por ele. Numa audiência com o bispo Guido, ele ouviu o
seguinte: “Francisco, meu filho, (...). Mas
a massa está longe dos altos picos. Uma agrupação humana movimenta-se sempre
abaixo do paralelo normal. A coisa mais importante é a sensatez...” Noutra
oportunidade, em colóquio com o Cardeal Hugulino, ele asseverou: “O engano trabalha por baixo da consciência.” Aos meus conterrâneos
envolvidos nessa polarizada contenda eleitoral na velha Palma, eu sugiro uma
percuciente reflexão sobre as nomeadas sentenças, com destaque para as
palavras: SENSATEZ E ENGANO. (“O Irmão de Assis”,
Inácio Larrañaga, 17ª ed, Paulinas, 2007).
Numa
sociedade civilizada todos merecem respeito. Coreaú precisa, com urgência,
melhorar o nível das relações interpessoais, principalmente, durante as
demandas eleitorais. O ardor das campanhas passa. Todavia a dignidade das
pessoas atingidas por expedientes torpes permanece maculada. É sempre bom
lembrar, o ensinamento de Ovídio, em Metamorfose: “O tempo passa em movimento constante.” Hoje, por ação do tempo, o
vento pode ser favorável; amanhã, por alguma circunstância, ele poderá mudar de
direção. Diz um conhecido aforismo: “O
tempo muda e nós mudamos com ele”. Por isso uma boa dose de prudência é
muito oportuna!
Vale ressaltar mais uma vez a advertência feita
pelo Ministro do Tribunal
de Contas da União, Ubiratan
Aguiar: “Triste dos que sobem na vida
esquecendo-se dos que o ajudaram a crescer”. (Saber Político).
Fortaleza,
19 de agosto de 2012.
Leonardo
Pildas