Neste sábado a família do Sr. Francisco das chagas Moreira o
seu Chagas Leocádio reúnem para comemorarem neste sábado seu centenário
(1913-2013 In Memorian) no memorial que leva o seu nome aqui em Coreaú. Haverá Celebração Eucarística às 17:30 hs e na ocasião parentes e
amigos irão se reunir.
QUEM FOI CHAGAS LEOCÁDIO
Na
Canafístula, pequena localidade rural do então município de Palma,
hoje Coreaú, exatamente a 5 de agosto de 1913, nascia o primogênito do
casal Leocádio Rodrigues Moreira e Maria Francisca de Jesus da Cunha.
Na pia batismal, no dia 8 do mesmo mês e ano, com a assistência do Pe.
José Juvêncio de Andrade, vigário à época, recebeu o nome de Francisco
das Chagas Moreira, mas no decorrer do tempo, tornou-se mais conhecido
como “Chagas Leocádio”. Era neto paterno de Antônio Rodrigues Moreira e
Joana Umbelina Moreira, e materno de José Francisco da Cunha e
Francisca Maria de Jesus.
No
curso do seu longo viver, teve a experiência de duas núpcias. A
primeira com Felismina Fontenele Moreira, filha de Manuel Moreira
Albuquerque e Ana Moreira Fontenele, oficiada pelo Pe. Antônio Ivan de
Carvalho, em Coreaú, no dia 5 de outubro de 1940. Porém, essa união
durou muito pouco, sua esposa faleceu no dia 10 de fevereiro de 1942, em
conseqüência de complicações no parto, que fora duplo. Das duas
crianças, ambas do sexo feminino, apenas uma sobreviveu e tomou o nome
da mãe: Felismina Moreira Fontenele. A segunda, com Hermogênia Teixeira
Moreira, a sua Hermó, filha do casal Antônio Raimundo da Silva e Ana
Raimunda da Silva, foi longa e fértil. O casamento religioso foi
celebrado pelo Pe. José Maria Moreira Bonfim, em 20 de julho de 1942, na
cidade de Massapê, enquanto que o civil foi realizado em Coreaú, no
dia 14 de setembro de 1942, e teve como oficiante o Juiz do termo
Judiciário, Dr. Luiz Bezerra de Menezes. Cinco filhos brotaram da
vivência plena deste amor conjugal: Maria de Jesus, Raimundinha,
Gracinha, Benedita e Humberto. Esta prole, mais tarde, foi acrescida de
dois filhos adotivos: Francisco de Assis e Francisco das Chagas, graças
à grandeza de índole do nobre casal.
Desse
enlace matrimonial, tão bem edificado, muitas alegrias foram
vivenciadas, muitas conquistas alcançadas. Dois jubilosos momentos, as
Bodas de Prata e de Ouro, foram festivamente comemorados em família, com
missa de ação de graças na Matriz de Nossa Senhora da Piedade, em
Coreau, respectivamente em 20/07/1967 e 20/07/1992.
Segundo
um importante escritor, “o destino da rosa é florescer, perfumar
caminhos. O destino do homem é crescer, viver, frutificar.” Chagas
Leocádio soube crescer em estatura, postura e atitudes. Fez do seu viver
uma luta diária, na busca incessante do ter, sem aniquilar o ser,
tendo como bandeiras: o trabalho, a ética e a honradez. Frutificou
legando, a Coreaú e ao Ceará, uma linhagem que honra a sua memória e
glorifica as suas realizações. Nesse contexto, floresceu para a vida
com determinação e correção. Perfumou os caminhos daqueles que de sua
têmpera descendem, pelo exemplo de cidadão íntegro e de pai extremoso,
que sempre foi.
Inicialmente,
vivia da lavra da terra e da pecuária. Depois, passou a trabalhar como
empregado no estabelecimento comercial do senhor Francisco Fernandes
Moreira, mais conhecido como Chico Fernandes, na povoação de Várzea da
Volta. Mais tarde, tornou-se sócio deste e mais adiante o proprietário
do referido empreendimento. No entanto, continuou ligado à agricultura e
à pecuária.
Em
1958, incentivado por sua esposa Hernó, que se preocupava com a
educação dos filhos, transferiu-se para Coreaú. Antes, adquiriu do
senhor Jacinto Gomes um ponto comercial no Mercado Público. Por muitos
anos, militou no comércio varejista e atacadista, sendo bem sucedido.
Na
ambiência paroquial, vivenciou com entusiasmo os postulados da
doutrina cristã, solidificou a sua fé e preparou-se para a eternidade.
Foi membro atuante da centenária Irmandade dos Irmãos do Santíssimo,
tendo ocupado cargo em sua diretoria.
Dotado
de espírito participativo, integrou o grupo de fundadores da
Cooperativa Agrícola Mista de Coreaú. Como sócio efetivo da Associação
Rural de Coreaú, exerceu cargos em sua diretoria. Mesmo sem convicções
políticas, exerceu o cargo de vice-prefeito no biênio 1971/1973.
Chegou
ao topo de sua expressiva caminhada trazendo intacto o seu senso de
humor. A crônica prosaica de Coreaú registrou um bom número de anedotas
saídas de sua agradável verve.
Aos
84 anos, ele vivia aquele momento de existência que sintetiza os
frutos advindos de larga experiência e sabedoria acumulada nos louros e
percalços de um viver alongado, quando de repente, recebe o chamado
para a pátria dos justos.
No
dia 1º de dezembro de 1997, encontrava-se na Igreja de São Francisco
quando sentiu-se mal. Imediatamente, foi levado para a cidade de Sobral.
No dia seguinte, 2 de dezembro, seus olhos se fecham para as belezas
terrenas e passaram a contemplar o esplendor do infinito.
Segundo
um filósofo contemporâneo, “o homem é muito mais as suas ideias e os
seus ideais do que as suas realidades conhecidas”. Esta máxima é
aplicável a essa criatura tão simples e espontânea, que tinha como meta
progredir nos negócios e, por meio destes, fazer seus filhos crescerem
no saber, alargando-lhes os horizontes, como garantia de uma vida digna
e produtiva. No seu recato habitual, ele acalentou e deu forma a esse
ideal. Atualmente, seus filhos, netos e bisnetos saboreiam, com
indisfarçável sucesso, os bons frutos desta robusta semeadura.
Hoje,
graças à manifesta gratidão de seu filho Humberto, seus restos mortais
repousam neste mausoléu, que tem anexo um memorial onde estão expostos
objetos, documentos e fotografias que falam de seus hábitos, de seus
feitos e, principalmente, da excelente criatura humana que soube ser,
durante a extensa jornada por ele palmilhada.
Neste
perfil biográfico, buscamos deixar fotografado o rastro de sua
presença entre nós, que teve como tônica a simplicidade e a discrição
de atitudes.
“Ele soube ser simples e discreto para bem gozar a plenitude da vida.”
Texto extraído do libelo “O espirituoso Chagas Leocádio”, de Leonardo Pildas, publicado a 5 de agosto de 2000
Públicação feita aqui no RM no Foco no dia 29/10/2011
Fotos do Memorial...